Kiev acusa Moscou de violar acordo e 'mentir' ao enviar corpos de soldados russos em vez de ucranianos

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de enviar deliberadamente para Kiev os corpos de 20 soldados russos, incluindo um cidadão israelense, em vez dos restos mortais de militares ucranianos, conforme acordado durante uma recente troca de soldados mortos em conflito. A declaração do presidente ucraniano foram feitas na sexta-feira (20), durante uma coletiva cujas informações só foram divulgadas neste sábado (21). Para ele, a Rússia quer dar a impressão de que matou mais ucranianos e tenta minimizar as suas próprias perdas.

"Acreditamos que estejam fazendo isso para mostrar quantos corpos ucranianos supostamente possuem" e para minimizar o número de soldados russos mortos, disse Volodymyr Zelensky.

Entre esses 20 corpos, "há, por exemplo, um mercenário israelense que lutava ao lado deles. Um cidadão israelense, com documentos israelenses", destacou o presidente ucraniano, durante uma coletiva de imprensa sob embargo até este sábado. "Às vezes, esses corpos até têm passaportes russos (com eles)", continuou Zelensky, acusando Moscou de "mentir" ao afirmar que entrega apenas corpos de ucranianos.

Durante as negociações entre a Ucrânia e a Rússia em Istambul, em 2 de junho, Moscou e Kiev concordaram com uma troca maciça de restos mortais de soldados de ambos os lados. Na segunda-feira (16), o Centro Ucraniano de Coordenação para Prisioneiros de Guerra declarou que a Ucrânia havia recebido 6.057 corpos nesse contexto, embora tenha se mostrado cauteloso quanto à veracidade da nacionalidade e do status militar das vítimas, aguardando ainda a sua identificação.

Na sexta-feira, Zelensky acusou Moscou de não verificar a identidade dos corpos entregues a Kiev. "Eles nem conseguem verificar o que estão enviando porque há muitas pessoas (mortas)", comentou. Zelensky acusou Moscou de querer "destruir a realidade em que vivemos, onde muito mais pessoas estão morrendo".

Há mais de três anos, a Ucrânia enfrenta uma invasão russa, cujo número de mortos é estimado em pelo menos dezenas de milhares de pessoas em ambos os lados, entre civis e militares. As autoridades dos dois países não publicaram um número oficial recente de soldados feridos ou mortos na frente de batalha.

A repatriação de corpos, especialmente de soldados, e a troca de prisioneiros de guerra são as poucas áreas em que Kiev e Moscou cooperam.

Zelensky também garantiu que 695 mil soldados russos estavam atualmente em território ucraniano, 20% do qual está ocupado pelo exército do Kremlin.

Empresas ocidentais abastecem indústria de guerra russa

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também afirmou que empresas ocidentais, incluindo alemãs e tchecas, ainda abasteciam a indústria militar russa, solicitando sanções contra essas empresas. "A Federação Russa recebe máquinas e ferramentas de certos países, que utilizam para fabricar armas", disse o presidente ucraniano, na sexta-feira, durante a mesma coletiva de imprensa em que falou sobre os soldados mortos.

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Segundo Zelensky, 15 dessas empresas são taiwanesas, 13 alemãs, oito tchecas, seis sul-coreanas e três japonesas.

Russos tomam Zaporíjia

Forças russas tomaram o controle da comunidade de Zaporíjia, localizada na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, informou a agência de notícias TASS neste sábado, citando o Ministério da Defesa russo. A Reuters não conseguiu verificar essas informações de forma independente.

A localidade, com cerca de 200 habitantes antes do conflito, fica a cerca de 160 quilômetros da cidade de Zaporíjia, que é conhecida por sua usina nuclear e instalações industriais.

(Com agências)

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