Conselho de Segurança da ONU se reúne após ataques americanos no Irã; EUA "estão prontos a negociar" com Teerã

Os Estados Unidos estão "dispostos" a negociar com o Irã sobre um programa nuclear civil, declarou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, no domingo (22). Israel, por sua vez, elevou o nível de alerta em todo o seu território e continuou os bombardeios contra o território iraniano. A escalada da violência no Oriente Médio é assunto de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.   

O Conselho de Segurança da ONU realizou uma reunião de emergência na tarde deste domingo após os ataques americanos contra instalações nucleares no Irã, conforme anunciou a delegação da Guiana, que preside o organismo no mês de junho. 

O encontro, programado para começar às 15h locais em Nova York (16h em Brasília), será o terceiro do Conselho desde o início da guerra entre Irã e Israel, em 13 de junho.

Após os ataques contra três instalações nucleares iranianas esta manhã, os Estados Unidos indicaram que estavam "prontos para discutir com Teerã o seu programa nuclear civil". Em entrevista à rede de televisão americana Fox News, o Secretário de Estado americano, Marco Rubio, disse estar aberto a negociar. "O regime iraniano deveria reagir e dizer: 'Se realmente queremos energia nuclear em nosso país, há uma maneira de fazê-lo'. Essa oferta continua de pé; estamos dispostos a conversar com eles amanhã", disse Rubio. "Em última análise, eles precisam tomar uma decisão muito simples: se o que querem são reatores nucleares para ter eletricidade, há muitos outros países no mundo que o fazem e não precisam enriquecer o seu próprio urânio", explicou Rubio.

Os Estados Unidos insistem que seu objetivo não é provocar uma mudança do regime dos aiatolás. "Não estamos em guerra contra o Irã, estamos em guerra contra o programa nuclear iraniano", disse o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, à emissora americana ABC. Washington retardou "consideravelmente o programa nuclear iraniano", acrescentou.

O porta-voz do Exército israelense, brigadeiro-general Effie Defrin, afirmou no domingo que a campanha israelense contra o Irã continuará com os seguintes objetivos: "eliminar a ameaça existencial ao Estado de Israel, danificar o programa nuclear do Irã e destruir o sistema de mísseis".

A agência iraniana Isna reportou a morte de quatro militares em uma base no norte do país.

 Alguns israelenses alimentam a esperança de que o ataque americano seja um ponto de inflexão na guerra. "Israel por si só não poderia parar (a guerra) [...] E levaria mais tempo", comentou à AFP, em Jerusalém, Claudio Hazan, engenheiro de informática de 62 anos.

Nos últimos dez dias, os bombardeios israelenses atingiram centenas de instalações militares e nucleares na República Islâmica e mataram militares de alta patente e cientistas envolvidos no programa nuclear.

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"Urânio enriquecido intacto"

O Irã nega querer desenvolver a bomba atômica e defende o seu direito de ter um programa nuclear civil. O país respondeu à ofensiva americana com lançamentos de mísseis e drones, a maioria interceptada por sistemas de defesa aérea israelenses.

A Guarda Revolucionária, exército ideológico do Irã, alertou que Washington deve esperar "represálias que lamentará" após ataque a instalações nucleares em território iraniano.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, avaliou que Estados Unidos e Israel decidiram fazer "voar pelos ares" as negociações entre Washington e Teerã sobre o programa nuclear iraniano, com a mediação de Omã.

"Esta agressão demonstrou que os Estados Unidos são o principal fator por trás das ações hostis do regime sionista contra a República Islâmica do Irã", declarou, por sua vez, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian. Durante uma conversa por telefone com o presidente francês Emmanuel Macron, no domingo, Pezeshkian prometeu uma "resposta" aos bombardeios americanos a suas instalações nucleares, que qualificou de uma "agressão" contra o seu país, informou a agência de notícias Irna.

De acordo com as autoridades iranianas, os feridos em ataques dos EUA não apresentam nenhum sinal de "contaminação radioativa". 

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Muitos iranianos saíram às ruas da capital Teerã para protestar contra os ataques dos Estados Unidos. Eles carregavam cartazes com a foto do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. 

De acordo com um conselheiro do líder supremo, o urânio enriquecido do Irã "se mantém intacto", apesar dos ataques dos EUA. "Mesmo que as instalações nucleares tenham sido destruídas, a disputa não acabou. Os materiais enriquecidos, o conhecimento e a vontade política permanecerão", disse Ali Shamkhani na rede X.

Um conselheiro do aiatolá Khamenei afirmou que bases militares americanas na região são agora alvos "legítimos". "Qualquer país na região ou em qualquer outro lugar usado pelas forças dos EUA para atacar o Irã será considerado um alvo legítimo para nossas Forças Armadas", disse Ali Akbar Velayati, citado pela agência de notícias oficial IRNA.

Aliados do Irã, os rebeldes huthis do Iêmen consideraram, neste domingo, que os bombardeios americanos constituem uma "declaração de guerra". 

 A União Europeia instou todas as partes a recuarem.

França, Alemanha e Reino Unido pediram ao Irã que "não tome outras ações que possam desestabilizar a região". Emmanuel Macron, Friedrich Merz e Keir Starmer prometeram continuar "os esforços diplomáticos conjuntos para aliviar as tensões e garantir que o conflito não se intensifique ou se espalhe ainda mais", afirmaram. "Pedimos ao Irã que inicie negociações que levem a um acordo que responda a todas as preocupações relacionadas com o seu programa nuclear. Estamos dispostos a contribuir para esse objetivo, em coordenação com todas as partes", acrescentaram os dirigentes dos três países em uma declaração conjunta.

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As autoridades nucleares do Irã, da Arábia Saudita e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não detectaram níveis de radiação preocupantes após o ataque sem precedentes dos Estados Unidos.

(Com AFP)

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