Irã e Israel continuam os ataques, aumentando preocupações com a economia global

Diversas explosões foram ouvidas nesta segunda-feira (23) em Jerusalém, depois que as sirenes soaram em Israel alertando sobre mísseis iranianos. A madrugada foi marcada por tensão dos dois lados. O Irã ameaçou Washington com "pesadas consequências", após os Estados Unidos terem bombardeado instalações nucleares iranianas, no domingo (22).

O Exército israelense confirmou esta manhã que mísseis foram lançados a partir do Irã e que as forças de defesa aérea estavam tentando interceptar os projéteis. Até o momento, não há registro de impactos diretos nem de feridos.

Do outro lado, no Irã, a agência Fars, ligada à Guarda Revolucionária Iraniana, informou que unidades de defesa aérea entraram em ação diante de ataques israelenses na região de Karaj, a oeste de Teerã. Moradores relataram nas redes sociais dezenas de explosões.

No 11º dia da guerra, o exército israelense anunciou o bombardeio de locais de lançamento e armazenamento de mísseis terra-terra na região de Kermanshah, no oeste do Irã.

Durante a noite, Israel teria bombardeado alvos militares estratégicos no território iraniano, incluindo a região de Parchin ? um complexo militar ao sudeste de Teerã, suspeito de abrigar testes com explosivos de alta potência e, segundo alguns relatórios, atividades ligadas ao enriquecimento de urânio.

O governo iraniano nega qualquer uso nuclear em Parchin, mas continua se recusando a permitir inspeções da agência da ONU responsável por monitorar programas nucleares.

"Expansão da guerra" e consequências econômicas

Reagindo aos ataques de bombardeiros americanos que lançaram bombas destruidoras de bunkers, as Forças Armadas iranianas ameaçaram Washington com o risco de "expansão da guerra na região".

"Os combatentes do Islã infligirão consequências pesadas e imprevisíveis a vocês com operações (militares) poderosas e direcionadas", alertou o porta-voz, Ebrahim Zolfaghari, em um vídeo transmitido pela televisão estatal.

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No domingo, um conselheiro do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, declarou que os Estados Unidos "não tinham mais lugar" no Oriente Médio e que deveriam esperar "consequências irreparáveis". Citado pela agência de notícias oficial IRNA, Ali Akbar Velayati chegou a alertar que as bases americanas nos países árabes do Golfo seriam consideradas "alvos legítimos".

O Parlamento do Irã aprovou uma medida que prevê o fechamento do Estreito de Ormuz ? uma das rotas mais estratégicas do mundo para o transporte de petróleo. A decisão final, no entanto, será tomada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional do país, segundo informou a imprensa estatal iraniana.

Nesta segunda, a Alta Representante para a Política Externa da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou que fechar o Estreito de Ormuz seria "extremamente perigoso". 

A China, que importa petróleo iraniano, também alertou esta manhã sobre o impacto da guerra na economia global e no comércio internacional no Golfo. O ministério das Relações Exteriores da China reiterou a todas as partes envolvidas no conflito para "impedir a escalada, evitar a propagação da guerra e retornar ao caminho de uma solução política".

Nesse sentido, o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, "encorajou" a China a ajudar a impedir o Irã de fechar o Estreito de Ormuz, uma rota marítima por onde passam 20% da produção global de petróleo.

Cerca de 84% do petróleo que transita pelo Estreito de Ormuz, na costa do Irã, tem como destino a Ásia ? China, Índia, Coreia do Sul, Japão ? economias altamente vulneráveis ??a uma restrição do tráfego marítimo no caso de uma escalada de conflito no Oriente Médio. O preço do petróleo bruto subiu quase 6%, no início do pregão, nas bolsas asiáticas.

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Discussões na Rússia

O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, está em Moscou nesta segunda-feira para consultas de "grande importância" com a aliada Rússia, onde se reunirá com o presidente Vladimir Putin.

O Irã busca apoio internacional. O porta-voz em Teerã, Esmail Baghai, considerou que os Estados Unidos "traíram a diplomacia" ao atacar o país dias antes de mais uma rodada de negociações sobre o programa nuclear iraniano, com mediação de Omã.

Marginalizadas pela intervenção americana no conflito, potências europeias como França, Alemanha e Reino Unido pediram para Teerã, no domingo, que "não empreendesse novas ações capazes de desestabilizar a região". O presidente americano, Donald Trump, já questionou abertamente a ideia de "mudança de regime" no Irã. 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, elogiou seu aliado americano, que, segundo ele, impôs uma "virada histórica" ??que poderia levar o Oriente Médio a "um futuro de prosperidade e paz".

Impossível avaliar os danos

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) realiza uma "reunião de emergência" em Viena nesta segunda-feira. De acordo com o diretor da instituição, Rafael Grossi, é impossível, neste momento, avaliar a extensão dos danos causados às três instalações nucleares iranianas bombardeadas pela Força Aérea dos EUA.

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A AIEA solicita acesso ao estoque de urânio altamente enriquecido do Irã para "fazer um balanço", mas não se sabe onde o material estaria depositado. 

Em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, no domingo, o Secretário-Geral António Guterres denunciou o "risco" de o mundo "se perder em um ciclo de retaliação".

(Com AFP)

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