Turquia prende mais três prefeitos de oposição ao governo de Erdogan
Desde a prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, em março, que desencadeou uma onda de protestos nas ruas do país, o governo turco aumentou o número de detenções de políticos e autoridades que fazem oposição. Neste sábado (5), ocorreram novas prisões, inclusive de três prefeitos.
Os prefeitos Zeydan Karalar, de Adana, Muhittin Bocek, de Antália, e Abdurrahman Tutdere, de Adiyaman, cidades ao sul e sudeste da Turquia, foram presos sob a alegação de corrupção.
"Onde há um jornalista ou político influente, eles o silenciam", disse Zeydan Karalar, prefeito de Adna.
A polícia também fez a detenção de Ahmet Sahin, vice-prefeito do distrito de Buyukcekmece, em Istambul.
Prefeitos de oposição
No início desta semana, a polícia prendeu 137 pessoas, incluindo o ex-prefeito Tunç Soyer, após uma investigação sobre corrupção no reduto da oposição ao governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. A maior parte das prisões foi feita em Izmir, terceira maior cidade do país, que fica a 480 quilômetros de Istambul.
As prisões dos três prefeitos são as mais recentes de autoridades eleitas pelo Partido Republicano do Povo (CHP). O governo turco exerce grande pressão sobre membros deste partido desde a vitória esmagadora sobre o conservador Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), do presidente Erdogan, nas eleições de 2024.
A correspondente da RFI em Istambul, Mathilde Warda, contou que no início desta semana, cerca de trinta pessoas foram detidas em Manavgat. O prefeito Niyazi Nefi Kara, eleito pelo CHP, também enfrenta acusações de corrupção.
As prisões estão ligadas ao mesmo motivo que levou à destituição, em março, do prefeito de Istambul. Ekrem Imamoglu, o maior rival político do presidente Erdogan e candidato do CHP às eleições presidenciais de 2028.
A prisão de Imamoglu desencadeou protestos em massa e os piores tumultos que a Turquia já viu desde 2013.
Injustiça e ilegalidade
O prefeito de Ancara, Mansur Yavas, escreveu na rede social X: "não nos curvaremos à injustiça, à ilegalidade ou a operações políticas". Ele ainda denunciou "um sistema em que a lei se curva e varia de acordo com a política; em que a justiça se aplica a um grupo e não a outro".
O partido pró-curdo DEM, terceiro maior no parlamento da Turquia, também denunciou as prisões. "Esta perseguição a autoridades eleitas deve parar imediatamente", disse a copresidente da legenda, Tulay Hatimogullari.
"O não reconhecimento da vontade do povo causa profunda divisão na sociedade. Essas operações não são uma solução, mas sim um bloqueio para uma Turquia democrática", garantiu.
Apesar de apoiar a causa curda, o DEM tem trabalhado em conjunto com o governo Erdogan para pôr fim ao conflito de décadas com a minoria.
(Com AFP)
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