Governo de SP destaca ao menos um PM para cada cinco manifestantes
14/06/2013 21h44
No quarto protesto contra o reajuste da tarifa de ônibus, realizado na noite de quinta-feira na capital paulista, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), destacou pelo menos um policial militar para cada cinco manifestantes, em sua maioria jovens. O efetivo da PM foi de quase 1,2 mil homens para conter as cerca de 5 mil pessoas que participaram da manifestação, segundo balanço divulgado nesta sexta-feira pelo governo estadual.
Cenas do protesto em SP
Elio Gaspari: Os distúrbios começaram pela ação da polícia, mais precisamente por um grupo de uns 20 homens da Tropa de Choque, que, a olho nu, chegou com esse propósito Leia mais |
Existe terror em SP: "Fosse você manifestante, transeunte ou jornalista a trabalho, não havia saída pela via nem pelas transversais, todas cercadas pelo Choque. A cada arremesso de bomba, alguém pedia por vinagre ou o oferecia". Leia mais |
Ataque à imprensa: Diversos jornalistas foram feridos e presos pela polícia durante a cobertura do ato. Vídeo mostra que um grupo se identifica e pede para que não seja atingido, mas os policiais ignoram e disparam tiros de borracha e bombas de gás lacrimogênio. Assista |
Vídeo gravado durante os protestos em São Paulo mostra um policial quebrando, com socos, um dos vidros do próprio carro da polícia. Assista |
Só da Tropa de Choque, elite policial, foram pelo menos 500 homens para as ruas da região central da capital paulista. A PM reforçará ainda mais seu efetivo nos protestos previstos para a próxima semana e a Tropa de Choque será usada novamente. "Não sabemos qual será a magnitude da próxima manifestação", disse nesta sexta-feira o comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira.
No protesto de ontem, a polícia infiltrou integrantes da corporação em meio aos manifestantes, para gravar imagens e coletar informações. "Tínhamos PMs fardados e com trajes civis filmando", disse o comandante-geral da PM.
Trajeto
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, disse nesta sexta-feira que a mudança no trajeto do protesto contra o aumento da tarifa do transporte em São Paulo, na noite de ontem, gerou o confronto entre policiais e manifestantes. Grella negou que tenha havido erro na estratégia da polícia, que foi respaldada pela Tropa de Choque, e disse que o governo vai apurar as denúncias de abusos cometidos pela PM.
Ao falar sobre o quarto protesto contra o reajuste do ônibus, metrô e CPTM, o secretário de Segurança disse que os manifestantes haviam se comprometido a não subir a rua da Consolação, em sentido à avenida Paulista, na capital. "Isso gerou o início do desentendimento", afirmou.
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A princípio, os manifestantes disseram que fariam o trajeto praça Ramos de Azevedo, praça da República e praça Rossevelt. Depois alteraram o percurso para terminar o protesto em frente à Assembleia Legislativa do Estado, passando pela avenida Paulista.
A reportagem acompanhou de perto o início do enfrentamento entre policiais e manifestantes na noite de quinta-feira. O tumulto começou quando o grupo de cerca de 5 mil pessoas, que protestava pacificamente, deparou-se com um cordão de isolamento na rua da Consolação, na altura da rua Maria Antônia. A polícia jogou cinco bombas de efeito moral antes de os jovens que protestavam começarem a reagir.
Grella disse que a Polícia Militar deve manter a estratégia de atuação nos protestos previstos para a próxima semana. "Não há dados de nenhum erro estratégico [cometido]", afirmou, em entrevista a jornalistas. "A atuação da polícia foi correta e temos o compromisso de apurar abusos", disse Grella, nesta sexta-feira, na sede do governo paulista. "A polícia agiu para preservar a ordem e o direito de ir e vir". "Não toleramos violência, de lado a lado", afirmou, referindo-se aos manifestantes e aos policiais.
A Tropa de Choque será convocada novamente para conter a manifestação.