Mara Gabrilli pode desfalcar ala do PSDB que apoia investigar Temer
Parte da ala do PSDB contrária ao governo do presidente Michel Temer (PMDB), a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) pode não comparecer à análise da denúncia contra Temer e os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha, que está prevista para acontecer na próxima quarta-feira.
Caso a ausência se confirme, a deputada será um desfalque do grupo da legenda tucana que se opõe ao Palácio do Planalto.
Ao Valor, a parlamentar do PSDB afirmou que há a possibilidade de não comparecer à votação da denúncia por estar participando de um estudo sobre o tratamento de paralisia, em Miami, nos Estados Unidos, mas disse que está consultando passagens para tentar vir ao Brasil para votar e retornar aos Estados Unidos para continuar participando do estudo.
"Estou fazendo um protocolo de Estimulação Magnética Transcraniana. É um número de sessões que estou fazendo. Estou participando de um estudo aqui. Se eu abandono no meio, eu quebro o estudo. Vim para cá, porque fui escolhida por causa da minha condição física. Então, [se voltar], eu estrago aqui e faço um estrago financeiro também, porque é muito caro. Tenho que pagar do meu bolso. Não sei se vai rolar isso, mas estou vendo passagem", disse Gabrilli.
A ausência da deputada pode atrapalhar os planos dos cabeças-pretas - grupo do PSDB contrário a Temer - de mudar o placar da votação da segunda denúncia em relação ao cenário do primeiro pedido de investigação, quando 22 deputados votaram pelo arquivamento da denúncia, 21 pelo prosseguimento e quatro se ausentaram.
Segundo apurou o Valor, três dos quatro parlamentares que faltaram na primeira denúncia - deputados Shéridan (PSDB-RR), Pedro Vilela (PSDB-AL) e Eduardo Barbosa (PSDB-MG) - já teriam sinalizado que estarão presentes e votarão contra o parecer do relator Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomenda a rejeição da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer e seus auxiliares no Planalto. Apenas o voto do outro ausente - o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) - deve ser favorável ao governo. Com isso, a expectativa é que o placar final ficaria 24 pelo prosseguimento da denúncia, frente a 23 pelo arquivamento. Com a provável ausência de Gabrilli, o placar tucano da análise da segunda denúncia pode ser um empate em 23 a 23.
Em outra frente, os cabeças-pretas, conscientes da dificuldade que enfrentariam se tentassem reverter votos, vão propor aos parlamentares tucanos favoráveis ao governo que faltem à votação. Ainda que a ausência seja favorável ao presidente, elas não seriam contabilizadas no placar do PSDB, que teria um resultado contrário ao governo mais elástico do que o esperado.
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