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Lula não descarta acordos regionais com o PMDB em 2018

Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

20/12/2017 15h34

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (20) que o PT não deve se aliar a partidos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Lula, no entanto, não descartou acordos regionais até mesmo com o PMDB e disse que o partido terá que "construir alianças políticas" para poder governar, se eleito.

"Com o PMDB é quase impossível em nível nacional fazer aliança, mas pode ser feita Estado por Estado", disse, em entrevista a jornalistas nesta quarta-feira, no instituto que leva seu nome, em São Paulo.

O ex-presidente afirmou "não aceitar" a "traição" do ministro e presidente do PSD, Gilberto Kassab, a Dilma e também criticou o ex-ministro do governo petista Aguinaldo Silva (PP).

Em seguida, ponderou que o PT terá que construir sua base aliada no Congresso, se vencer a disputa presidencial.

Lula afirmou que não precisa se aliar a partidos para ter mais tempo de televisão, porque já é muito conhecido em todo o país, mas sim para ter maioria na Câmara e no Senado para aprovar projetos.

Bolsonaro

Lula evitou nesta criticar sues adversários na disputa pela Presidência em 2018 e sinalizou que uma eventual aliança com o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato pelo PDT, só poderá ser feita em um eventual segundo turno.

O ex-presidente desconversou todas as vezes em que foi questionado sobre quem deverá ser vice e também se o PT trabalha com a possibilidade de um plano B. Questionado sobre o pré-candidato Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que tem a segunda maior intenção de votos nas pesquisas, Lula disse que cabe ao povo decidir até onde irá a candidatura do deputado federal. "Bolsonaro vai até onde o povo quiser que ele vá", disse.

Lula, contudo, disse que "não dá para destilar ódio nas eleições". "Urna é lugar de depositar esperança, não ódio".

O ex-presidente afirmou que a direita está com dificuldade de ter candidato e, ao falar dos pré-candidatos do campo da esquerda, elogiou seus possíveis adversários, mas fez ressalvas em relação a Ciro Gomes.


"Gosto do Ciro, sou agradecido a ele", disse. "Mas ele peca, faz mal a ele próprio", afirmou, em referência a críticas expostas por Ciro a Lula e ao PT. "O problema não é que ele pode me prejudicar, mas sim a ele mesmo. Nem tudo o que a gente pensa a gente pode falar", disse o ex-presidente. "Se Ciro quiser ser candidato de verdade tem que saber que o que a gente fala pesa muito".


O ex-presidente analisou que sua vitória poderá ajudar os países da América do Sul a eleger presidentes progressistas. Ao falar sobre os problemas enfrentados pela ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner, disse que ela "está sendo vítima de perseguição" semelhante ao que tem acontecido à esquerda no Brasil. "A única diferença em relação a Cristina é que o adversário dela foi eleito".