ROMA, 30 JAN (ANSA) - O subsecretário das Relações Exteriores da Itália, Alfredo Mantica, comentou nesta sexta-feira o prazo de cinco dias determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) afirmando que seu país irá "recorrer no período estipulado e do modo determinado contra a decisão do governo Lula, confiante de que seus argumentos serão ouvidos".
Em declarações a um noticiário da TV italiana, Mantica enfatizou que "se o caso [de Cesare] Battisti foi arquivado pelo governo brasileiro, esperamos que agora seja aberto pelo judiciário", ao se referir à decisão do ministro Cezar Peluso, do STF, que ontem autorizou o governo italiano a se manifestar no processo, dentro do prazo de cinco dias.
A Itália havia apresentado na semana passada ao Supremo o pedido de vista do processo de extradição do ex-ativista italiano, que é condenado em seu país à prisão perpétua por quatro homicídios e que no início do mês obteve do Brasil a concessão de status de refugiado.
Questionado sobre as declarações de Battisti feita à imprensa brasileira, de que obteve ajuda francesa para fugir para o Brasil, o subsecretário afirmou que "há uma lógica" e "pode ser verossímil".
"Direi que, se não é verdade, é verossímil. Não temos provas e não diremos que é verdade, dizemos apenas que há uma lógica", alegou Mantica, após o ex-ativista italiano ter confirmado a participação francesa em entrevista publicada ontem.
Cesare Battisti, que foi condenado na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, morou na França antes de fugir para o Brasil, onde recebeu o status de refugiado político pelo ministro da Justiça brasileiro, Tarso Genro, no último dia 13.
A decisão de Genro gerou uma certa tensão entre os dois países. Na última terça-feira, o caso ganhou um novo capítulo quando o chanceler da Itália, Franco Frattini, convocou para consultas o embaixador do país no Brasil, Michele Valensise, na última terça-feira, gesto diplomático que demonstra decepção pela postura do governo brasileiro no caso.
Para o subsecretário, contudo, Itália e Brasil superarão esta crise. "As fortes raízes que ligam os dois países irão se recompor, mesmo que a convocação do embaixador italiano no Brasil seja um grave incidente e tenha muito peso".