ASSUNÇÃO (Reuters) - O vice-presidente da Colômbia, Francisco Santos, disse na sexta-feira que há evidências de vinculação entre a guerrilha local Farc e grupos acusados de cometer sequestros no Paraguai.
Santos deu aval a investigações de promotores paraguaios que relacionaram os indiciados pelo sequestro e assassinato da filha do ex-presidente paraguaio Raúl Cubas, no começo de 2005, a um líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Membros desse mesmo grupo, um minoritário partido de esquerda sem representação parlamentar, foram condenados pelo sequestro da esposa de um empresário no final de 2001.
A presença de grupos armados de esquerda voltou a ser tema de debate no Paraguai há algumas semanas, quando o vice-ministro de Segurança Interna, Mario Sapriza, disse que há no norte do país movimentos radicais "dispostos a tomar o poder mediante a luta armada".
"Isso afinal será decidido por um juiz, mas se você me pergunta como cidadão e como conhecedor do caso, estou absolutamente seguro [que há ligações]", disse Santos em entrevista coletiva. "A evidência é tão contundente que a mim não deixa nenhuma dúvida."
O vice-presidente concluiu na sexta-feira uma visita de dois dias a Assunção, onde avaliou com seu colega paraguaio, Luis Castiglioni, o andamento de um plano de segurança mantido por ambos os governos desde meados de 2005.
Santos disse que o programa foi bem-sucedido, por permitir a capacitação de 180 funcionários paraguaios de diversas instituições na Colômbia, além da chegada de técnicos especializados desse país ao Paraguai.
O plano foi firmado pelos presidentes Álvaro Uribe e Nicanor Duarte Frutos pouco depois do assassinato de Cecília Cubas.
A promotoria afirmou na época que o principal réu do caso, Omar Martinez, se havia comunicado reiteradas vezes por email com o "chanceler" das Farc, Rodrigo Granda, em busca de assessoria nas negociações com a família Cubas.
"Como dizemos na Colômbia: se é branco, foi posto pela galinha e se come frito, então é ovo. Aqui foi posto pela galinha, é branco e não comemos frito", disse Santos.
Em fevereiro, o governo paraguaio reforçou a presença policial no Departamento de Concepción, após o assassinato de um agente que participou da prisão de seis pessoas acusadas de transportar explosivos e munições.
Três dos presos eram familiares dos acusados e condenados pelos sequestros.