Homem denuncia racismo em mercado do RJ; 'pode processar', disse segurança
Um vídeo publicado no Instagram registrou uma denúncia de racismo. Nas imagens, um homem de 30 anos é impedido por um segurança de deixar um mercado em Rio das Ostras (RJ), a 165 km do Rio de Janeiro, porque o funcionário disse que ele não pagara por produtos que consumiu na padaria do local.
A denúncia foi feita pelo funcionário público Thallis Luiz Souza Ramos. O caso aconteceu anteontem no mercado Hortifruti. Ramos conta que estava saindo do estabelecimento quando o segurança o abordou no estacionamento.
"Foi por volta das 11h. Fui comer alguma coisa. Decidi ir ao mercado, que frequento há muitos anos, e peguei um suco de açaí e alguns pães de queijo, como sempre faço. Paguei e estava indo embora, quando o segurança ordenou que eu voltasse. Aquele percurso durou uma eternidade. Todos me olhando. Como se eu fosse um bandido", disse ao UOL.
Indignado, Thallis começou a gravar a abordagem. É possível ver que o segurança revira o lixo para encontrar o saco de pães de queijo que a vítima havia consumido, e ainda pergunta a uma atendente se o valor — cerca de R$ 20 — havia sido pago.
"Ele já estava de olho em mim, pois existiam várias latas de lixo. Como ele poderia saber que eu tinha jogado exatamente lá?", questiona.
"Eu errei, pode me processar", afirmou o funcionário após a atendente da lanchonete confirmar o pagamento. Ramos afirmou que o funcionário ainda pediu para que ele falasse baixo.
"Não consigo descrever o sentimento que eu tenho. A cena do segurança procurando o lixo, como se tivesse procurando uma 'prova de crime', me fez sair de mim. Fiquei muito nervoso. Nunca falei palavrão na minha vida, mas naquela hora saiu", desabafa Thallis, reconhecendo que se exaltou.
Hoje, o funcionário público vive em Penápolis (SP), mas está na cidade fluminense por causa da pandemia de coronavírus. "Sempre fui a esse mercado, vivia lá. Nunca me senti tão humilhado e ridicularizado perante as pessoas", completou.
Na tarde de hoje, Thallis voltou ao estabelecimento para saber o nome do segurança. "Levei um chá de cadeira, fiquei quase meia hora esperando um supervisor aparecer", disse. Porém, o representante do estabelecimento disse que só poderia fornecer o nome completo amanhã.
Um boletim de ocorrência virtual foi registrado, e um advogado que ofereceu ajuda ao funcionário público para seguir com o processo por racismo na delegacia de Rio das Ostras.
Mercado se pronuncia
Em nota enviada ao UOL, a Hortifruti informou que o segurança terceirizado da operação foi "prontamente afastado e não prestará mais serviços para a rede". Leia abaixo o comunicado:
Não aceitamos esse tipo de comportamento por parte de qualquer pessoa associada a nós. Continuamos trabalhando arduamente em protocolos internos e na auditoria das empresas de segurança contratadas. Nos últimos meses realizamos rodadas de treinamento com facilitadores externos e internos sobre diversidade e inclusão em todo o grupo, tanto para os funcionários da companhia quanto para os prestadores de serviço.
E seguiremos investindo em mais treinamentos. Nos desculpamos e nos solidarizamos com o cliente envolvido neste episódio e estendemos as desculpas a todos os nossos clientes, colaboradores e parceiros. Continuaremos, sempre, atuando contra qualquer tipo de discriminação em nossos estabelecimentos.
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