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'Tio de Paquetá admitiu que apostava em jogos do sobrinho' | Podcast UOL Prime #39

Thiago Arantes

Do UOL, em Barcelona

10/10/2024 05h30

Dois jogadores da seleção brasileira entram em campo no mesmo dia, um na Inglaterra e outro na Espanha, e levam cartões amarelos em jogos de futebol.

Poderia ser apenas uma coincidência banal, mas o que aconteceu em 12 de março de 2023 foi muito mais do que isso.

Uma casa de apostas percebeu que algo estava errado: havia muita gente ganhando dinheiro com aqueles cartões amarelos. No mundo das apostas, quando a casa perde muito dinheiro, alguma coisa está fora da ordem.

No UOL Prime desta quinta-feira (10), José Roberto de Toledo conversa com o colunista do UOL Thiago Arantes, que escreveu a reportagem "Apostas na Mira: Luiz Henrique recebeu Pix de parentes de Lucas Paquetá", ao lado de Igor Siqueira e Rodrigo Mattos.

Foi a enxurrada de apostas idênticas, em um mesmo dia, que deu início à investigação da Federação Inglesa de Futebol que cita os jogadores brasileiros Lucas Paquetá, do West Ham, e Luiz Henrique, do Botafogo, como suspeitos de manipular eventos dentro de partidas de futebol.

Arantes conta os bastidores da reportagem e explica como conseguiram avançar, mesmo com a investigação sob sigilo.

"No dia em que essa história saiu, eu comecei a conversar com pessoas do mundo do futebol, pessoas que circulam nos bastidores. Uma delas me falou: 'Disseram que isso é um rolo da família do Paquetá.' Eu não tinha como provar, então guardei essa informação."

Meses depois, em conversa com uma fonte, Arantes descobriu que havia recibos de Pix e teve acesso aos documentos que provavam que Luiz Henrique teria recebido para provocar cartões amarelos.

O repórter Igor Siqueira, por meio de uma ligação telefônica, confirmou a veracidade das transferências.

"O Igor conseguiu o telefone do tio do Paquetá, o Bruno Tolentino, que tinha feito o Pix para Luiz Henrique. Ele conseguiu falar com ele por 15 minutos, de maneira muito educada, explicando a situação sem que o tio se irritasse ou desligasse o telefone. Durante a conversa, o tio do Paquetá confirmou que fez o Pix e disse que foi por causa de uma dívida", conta Arantes.

No podcast, Toledo e Arantes também fazem uma análise do cenário atual das apostas no Brasil e comparam com a situação na Espanha, onde Arantes vive há 11 anos.

O país europeu viveu tempos extremos no que diz respeito a apostas esportivas, saindo da era do "vale-tudo" para um cenário extremamente restrito. As apostas chegaram a ser o maior vício entre jovens de baixa renda com menos de 21 anos, superando drogas ilícitas, álcool ou tabaco.

"Há oito anos, por exemplo, no intervalo de um jogo da Champions League, muitas vezes o comentarista aparecia e falava: 'Olha, se o Real Madrid fizer um gol, você pode ganhar tanto se apostar' e incentivava quem estava assistindo a fazer uma aposta", conta Thiago Arantes.

"Recentemente, um clube alemão, o Stuttgart, quando jogou no Santiago Bernabéu, em Madrid, teve que mudar o patrocínio da camisa porque não é permitido nem que clubes estrangeiros joguem na Espanha com uma casa de apostas estampada no uniforme da equipe", completa.

O podcast UOL Prime é publicado às quintas-feiras no YouTube do UOL Prime, Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer e em todas as plataformas de podcast.