Novo orçamento secreto: como o governo faz repasses da Saúde à base aliada | Podcast UOL Prime #76

O orçamento secreto se reinventa em Brasília. O UOL revelou que, neste ano, o Ministério da Saúde está liberando um "extra" para parlamentares da base aliada, que pode chegar a R$ 8 bilhões.

Essa verba veio para aplacar as demandas do Congresso após o ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinar que as emendas de comissão fossem usadas de forma transparente.

Neste episódio do podcast UOL Prime, José Roberto de Toledo conversa com a colunista Natália Portinari sobre como funciona esse instrumento de negociação política.

"As emendas de relator davam mais força para o Congresso porque os acordos eram feitos dentro do Congresso. Hoje, o governo ganhou força com as decisões do Dino barrando as (negociações com) emendas de comissão", explica Natália.

Os ministérios têm mais controle sobre essas verbas do que tem sobre emendas parlamentares. Mas também não há publicidade sobre quem são os "padrinhos".

A nova modalidade de repasse à base aliada ainda não foi nomeada, embora o termo "novo orçamento secreto" tenha se popularizado para descrevê-la.

"Gera polêmica porque algumas pessoas dizem, com razão, que nem tudo é secreto, tem alguns rastros do que está sendo feito com o dinheiro", analisa Natália.

"De qualquer maneira, 'secreto' quer dizer que a gente não sabe quem está mandando nesse dinheiro", explica.

A SRI (Secretaria de Relações Institucionais) negou, ao UOL, que tenha controle sobre essas verbas. O Ministério da Saúde, por sua vez, diz que usa critérios técnicos para escolher para onde vai o dinheiro.

O acordo para usar verbas da Saúde para atender deputados e senadores foi firmado entre a ministra da SRI, Gleisi Hoffmann, e os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre.

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