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Luxo desnecessário encarece estádio e a conta é do torcedor, diz jornalista

14/08/2021 04h00

O futebol brasileiro viu a partir da Copa do Mundo de 2014 uma série de novos estádios no padrão Fifa, com assentos confortáveis, restaurantes, lojas e banheiros luxuosos, além de camarotes luxuosos, aspectos que também encareceram o preço médio dos ingressos e afastou o torcedor de menor poder aquisitivo das arquibancadas. Autor do livro Forasteiros, o jornalista Rodrigo Barneschi fala em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, sobre a sua experiência no novo Maracanã e aponta que o luxo muitas vezes desnecessário nos estádios modernos causam a elitização do estádio de futebol, já que todo esse conforto tem um custo e a conta fica para o torcedor. "A gente chega nesse ponto dos novos estádios, e eu vou usar um termo aqui do Luis Antônio Simas, que é o autor do prefácio do Forasteiros, o Simas sempre fala na perversidade do bem, que é o conceito de você entregar uma série de coisas que parecem ser muito boas, empacotar isso de uma forma muito legal e isso tem como consequência você afastar muita gente daquele ambiente", cita Barneschi. "No caso de um estádio, é quando você começa a colocar muita amenidade, cadeirinhas acolchoadas, restaurantes super badalados no estádio, televisão no banheiro do estádio, mármore na pia do banheiro, o ponto é o seguinte, isso serve de nada para o torcedor de arquibancada, mas ele serve para criar uma aura, uma imagem de um estádio moderno, um estádio mais adequado aos padrões europeus, ao padrão Fifa. O problema disso é que isso tem um custo. Se você põe mármore no banheiro, se você põe uma TV de Led, TV super moderna em todo o anel inferior do Maracanã ou de outros estádios, isso tem um custo", completa. O jornalista conta um dos temas de seu livro, no qual relata a experiência do primeiro jogo no Maracanã depois da reforma para a Copa do Mundo e da presença de um funcionário para dar as boas-vindas, considerando mais um fator que dificulta a ida do público de menor poder aquisitivo a um jogo. "Eu cheguei nesse primeiro jogo, subindo a rampa para entrar na arquibancada, vem um sujeito muito sorridente e me cumprimenta assim: ‘boa tarde, seja bem-vindo ao Maracanã’. Isso parece ser legal. Pô, tem alguém te dando boa tarde. Agora, isso custa dinheiro, esse cara está lá sendo pago para isso e essa conta é paga pelo torcedor. E o que eu digo é que eu prefiro não ter um cara me dando boa tarde, bom dia, boa noite, e permitir que pessoas de menor poder aquisitivo continuem indo ao estádio", afirma Barneschi. "Quando você coloca esses luxos, esses confortos desnecessários em um estádio, você encarece o estádio e a conta sobra para o torcedor. E aí vem a justificativa de ‘olha, é um estádio mais moderno, mais confortável, o ingresso é mais caro’. O ponto é: o torcedor de arquibancada nem sempre quer esses luxos, ele não pr

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