Putin engrossa discurso durante crise na Ucrânia
O conflito na fronteira russo-ucraniana agravou-se consideravelmente com a invasão da Ucrânia, atestada por fotos de satélites, segundo a Otan e por fontes do governo americano.
Num primeiro tempo, falou-se de um contingente de mil soldados russos dotados de equipamento militar. Dias depois, citada pela "CNN", uma fonte do governo britânico acrescentou números mais alarmantes, indicando que 4.000 ou 5.000 soldados russos já estavam em território ucraniano, enquanto mais 20 mil acampavam do outro lado fronteira prontos para intervir.
Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro ucraniano, Arseny Yatsenyuk, declarou que seu país iria solicitar a mudança de seu estatuto de país associado à Otan para tornar-se membro efetivo da aliança militar ocidental.
Caso tal medida seja concretizada, a Rússia se encontraria numa situação inédita na sua história multissecular. De fato, à exceção de seus limites com a Bielorrússia, que ainda guarda o estatuto de país associado à Otan, a Rússia estaria totalmente cercada nas suas fronteiras ocidentais por uma aliança militar adversa.
Neste contexto, Putin fez duas duras e perigosas advertências aos Estados Unidos e seus aliados europeus. A primeira é sobre as ligações especiais, fundadas na história, entre a Rússia e a Ucrânia: “Os russos e os ucranianos formam praticamente um só povo”, sentenciou o presidente na última sexta-feira (29).
No dia anterior, Putin havia utilizado uma palavra carregada de implicações históricas ao referir-se às milícias antirrussas da “Novorossiya”. Novorossiya foi o nome dado por Catarina, a Grande, imperatriz da Rússia (1762-1796), à zona sul da Ucrânia, incluindo a Crimeia, quando suas tropas invadiram e incorporaram a região ao império russo. Ao usar este substantivo, Putin veste a camisa do ultranacionalismo russo.
A outra declaração de Putin foi mais pesada e mais direta. Num encontro com jovens russos no lago Seliger, perto de Moscou, Putin comentou, segundo a agência Reuters: “Os parceiros da Rússia deve compreender que é melhor não mexer conosco... Eu gostaria de lembrar a vocês que a Rússia é uma das maiores potências nucleares”.
No quadro atual, a União Europeia se esforça para restabelecer a primazia das negociações diplomáticas a fim de estancar a escalada militar. Daí também o tom preocupante do ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier: “Os conflitos fronteiriços [entre russos e ucranianos] têm se intensificado e levantam a preocupação de que a situação esteja fora de controle... Isto precisa parar”.
Todos os olhos se voltam agora para Berlim e para Angela Merkel, considerada a dirigente ocidental que tem o acesso mais fácil a Putin, sendo bilíngue em russo e em alemão, assim como o presidente russo.
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