| 25/01/2008 - 18h52 Viajar de carro pela América do Sul requer cuidados Da Auto Press É fato que o Mercosul aproximou não só os líderes dos países sul-americanos, mas também suas populações. O intercâmbio de pessoas no continente tornou-se mais intenso. Mas, se a viagem envolver um veículo de passeio, boa parte dessa integração desaparece imediatamente. Esbarra em diversas exigências que demandam tempo, planejamento e cuidado.
Para se chegar às belezas naturais e exóticas do continente, muitas vezes os caminhos encontrados são iguais ou ainda piores que os situados em território nacional. Fora do Brasil há estradas de todo tipo (bem e malconservadas), vasto número de carros e caminhões antigos, sinalização confusa, além de complicações como grandes distâncias sem postos de combustível para abastecer.
Arionauro
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Antes de pegar qualquer estrada, porém, para se fazer uma viagem continental é preciso estar com a documentação em dia. Se tudo estiver correto e se o viajante for o proprietário do veículo, tudo certo. Mas, caso o carro esteja em nome de terceiros, é necessário registrar uma autorização do dono do veículo no consulado de cada país a ser visitado.
Reprodução

Polícias rodoviárias dos países vizinhos, conhecidas como Polícia Caminera (na foto, em ação no Uruguai), são tidas como corruptas e costumam "fiscalizar" carros brasileiros com especial rigor |
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"Os países latino-americanos ainda precisam melhorar muito os trâmites burocráticos. Perdemos cerca de 4 horas em cada aduana. Na Venezuela, o tempo de espera foi de 17 horas", conta Paulo Rollo, jornalista brasileiro que percorre, há mais de 100 dias, 17 países das três Américas a bordo de um sedã Nissan Sentra.
É fácil entender tanta demora. Além do documento, para entrar com o carro na maioria dos países vizinhos é obrigatório adquirir a Carta Verde, seguro internacional exigido para cobrir possíveis danos pessoais e materiais durante o passeio. Seu preço varia de acordo com a quantidade de tempo que o veículo trafegará no território forasteiro. Para 30 dias, por exemplo, o custo do plano básico fica em pouco mais de R$ 100, no geral.
Outro documento indispensável é a Carteira Nacional de Habilitação, aceita em todos os países membros do Mercosul. Para validá-la é necessário carregar a identidade junto. Só no Chile exige-se a Permissão Internacional para Dirigir, que pode ser solicitada nos postos do Detran e custa em torno de R$ 80.
O transporte Feita a verificação da papelada, é altamente recomendável conferir as condições do veículo. Pneus, por exemplo, estão entre os principais itens a serem revisados. "Na região central do Peru, há rodovias interligadas e de boa qualidade, que recebem cuidado periódico. Mas a parte amazônica é complicada. Na fronteira com o Brasil, existem rodovias não asfaltadas", diz Cristian Córdova, segundo secretário da Embaixada do Peru no Brasil.
DICAS PARA A VIAGEM |
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É altamente recomendável pelos órgãos fiscais brasileiros carregar uma cópia autenticada em cartório de todos os documentos pessoais e do veículo em lugar seguro. |
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Além da febre amarela, em países da floresta amazônica, como Peru, Bolívia, Venezuela e Colômbia, há risco de contrair doenças, como a malária. "Não há vacina contra a malária, só um tratamento específico, que é muito importante. No Brasil, 99,7% dos casos da doença ocorrem nessa região", aponta Fabiano Pimenta, subsecretário de vigilância do Ministério da Saúde. |
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Viajantes brasileiros tarimbados recomendam que se leve no carro somente o necessário. São exemplos: caixa térmica para alimentos e bebidas, diferentes mapas de um mesmo país - para se ter maior precisão -, produtos básicos de limpeza, além de papel, caneta, fita adesiva e calculadora. |
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A Polícia Rodoviária Federal não aconselha brasileiros a viajarem em carros movidos somente a álcool. Na maioria dos países sul-americanos há poucos postos que vendem o combustível vegetal. |
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Algumas disparidades entre Brasil e países vizinhos podem deixar os brasileiros impressionados. "Na Venezuela, exatos 50 litros de gasolina custam US$ 0,97. Isso mesmo, menos de US$ 1 para 50 litros do combustível puro, pois lá a gasolina não tem 25% de álcool misturado, como no Brasil", recorda Paulo Rollo. |
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Check-up feito para enfrentar estradas críticas, é preciso adaptar o veículo às legislações. Para rodar na Argentina, por exemplo, tem de se carregar dois triângulos, kit de primeiros socorros, cabo de aço de 3 metros com gancho para reboque, além dos dois espelhos laterais e extintor de incêndio válido. Já no Peru são exigidas duas faixas refletoras no pára-choques traseiro. No Paraguai é obrigatório ter dois estepes. E no Uruguai os faróis devem ficar ligados mesmo durante o dia.
Em tempo: na maioria dos países é proibido o engate traseiro. E as multas são altas. Isso sem falar que, em alguns países, policiais corruptos podem causar transtornos. "A polícia rodoviária argentina, a Policia Caminera, tem fama de ser 'implacável' com brasileiros desavisados", alerta Adriano Fiamoncini, inspetor da nossa Polícia Rodoviária Federal.
Tudo resolvido com documentação do carro e pessoal, resta acertar ainda outros detalhes. É fundamental observar os cuidados com a saúde. Para entrar no Peru, Bolívia ou Colômbia, por exemplo, é obrigatório se vacinar contra a febre amarela. Os três países ficam na região da floresta amazônica, onde a doença é considerada endêmica por autoridades brasileiras.
Faça um roteiro Vacinas em dia, resta fazer as malas, planejar gastos e traçar roteiros. Destino é o que não falta. Afinal, na América do Sul há desde neve e geleiras, como na Patagônia e no Chile, até praias e montanhas, como na Argentina e Venezuela. Mas mesmo após desembaraçar a documentação, não há tempo para moleza. Ainda há muito o que fazer até pegar a estrada.
"Uma pessoa que pretende viajar de carro pelo continente tem de começar a se preparar e planejar o roteiro pelo menos 90 dias antes de partir rumo ao destino almejado", avisa Zizo Asnis, criador do portal O Viajante e autor dos livros "Guia Criativo O Viajante Independente", para Europa e América do Sul. (por Diogo de Oliveira)
CONHECER COMO OS VIZINHOS RODAM É IMPORTANTE |
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Quando se trata de atravessar a fronteira a turismo, há quem prefira tomar um avião. Mas há também quem prefira aventurar-se em estradas e similares, a bordo de carros que percorrem milhares de quilômetros até alcançar o destino traçado. Nesse caso, além da preparação de documentos e do próprio carro, é preciso, por exemplo, conhecer peculiaridades, como os hábitos dos vizinhos no trânsito.
"Cuidado com o sinal para permitir ou não ultrapassagem nas rodovias. Em alguns países a convenção é o contrário da que utilizamos no Brasil", observa Valmor Vieira, empresário da Abbra Comunicação Empresarial, que já viajou de norte a sul no continente.
Além de estudo e de, pelo menos, dois meses de planejamento, é fundamental atentar para detalhes primordiais, como vestuário, moedas estrangeiras, alimentação e abastecimento. Se o destino é um país tipicamente frio, é bom se preparar direito. Já em relação ao dinheiro, os mais experientes "mochileiros" recomendam manter sempre uma reserva e trocar a moeda em locais adequados.
"O câmbio nas fronteiras nunca é favorável. Se possível, é bom trocar dinheiro antes de viajar. E nas cidades grandes, a indicação é procurar a melhor oferta", explica Milena Issler, designer recém-chegada da Patagônia e que fez com a família uma viagem divulgada em jornais e revistas como "Travessia dos Andes". |
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