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Cientistas demonstram em laboratório papel dos cometas na origem da vida

Esta imagem foi feita pela sonda Rosetta em 8 de julho, a 152 km de distância do cometa 67P / Churyumov-Gerasimenko - ESA/Rosetta/Navcam
Esta imagem foi feita pela sonda Rosetta em 8 de julho, a 152 km de distância do cometa 67P / Churyumov-Gerasimenko Imagem: ESA/Rosetta/Navcam

18/08/2015 21h22

O impacto dos cometas que atingiram a Terra há 4 bilhões de anos pode ter tido um papel no surgimento da vida na Terra, afirma um grupo de cientistas japoneses, que tentou reproduzir esta "fórmula" em laboratório.

Os cientistas, que apresentam nesta quarta-feira os resultados de sua pesquisa na conferência de geoquímica Goldschmidt2015, em Praga, compilaram uma lista de substâncias para reproduzir a reação em laboratório.

Os cientistas misturaram aminoácidos, gelo e substâncias silicatadas a temperaturas de 196 Celsius negativos, uma mistura presente nos cometas, como constataram as últimas missões espaciais.

Depois, os cientistas adicionaram um gás propulsor para simular o efeito de uma colisão do cometa com a Terra, o que fez alguns aminoácidos se transformarem em peptídeos de cadeia curta, moléculas complexas frequentemente consideradas fundamentais para o desenvolvimento da vida.

"Nossas experiências mostram que o frio existente nos cometas teve um impacto chave nesta síntese", destacou, em um comunicado, Haruna Sugahara, da Agência Japonesa para a Ciência.

"A produção de peptídeos de cadeia curta é uma etapa chave na evolução química das moléculas. Uma vez iniciado o processo, se requer muito menos energia para formar as cadeias de peptídeos mais longas em um ambiente terrestre e aquático", acrescentou o comunicado.

O cientista destacou que os impactos dos cometas, que costumam estar associados a eventos de extinção em massa, provavelmente também deram um empurrãozinho na formação da vida.

Um processo similar pode ter sido produzido em outros locais do cosmos.

Os resultados da pesquisa de Haruna Sugahara e Koichi Mimura, da Universidade de Nagoia, ainda não foram publicados, mas segundo Mark Burchell, da Universidade de Kent, "constituem um aporte significativo ao estudo sobre a origem das moléculas complexas no universo".

A missão da sonda europeia Rosetta, que acompanhou o cometa 67P/Churiumov-Guerasimenko, confirmou que o corpo celeste era rico em matéria orgânica.