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É possível fazer a cerveja perfeita? Cientistas belgas acham que sim

Professor Kevin Verstrepen investiga leveduras com equipe que busca a cerveja perfeita - Matthew Stock/Reuters - Matthew Stock/Reuters
Professor Kevin Verstrepen investiga leveduras com equipe que busca a cerveja perfeita
Imagem: Matthew Stock/Reuters

Matthew Stock

17/11/2016 16h14

A Bélgica é famosa por sua produção de centenas de cervejas diferentes, mas isso não é nada se comparado com a variedade de leveduras usadas para produzi-las: cerca de 30 mil são mantidas no gelo em um único laboratório por cientistas que buscam o ingrediente perfeito para a cerveja perfeita.

Uma equipe da Universidade de Leuven e do instituto de pesquisas científicas VIB está examinando e cruzando linhagens de leveduras, acrescentando genética moderna na busca pelo aperfeiçoamento da cerveja.

"Estamos usando robôs para cruzar leveduras diferentes, assim como fazendeiros fazem com gado e animais por séculos", disse o professor de genética Kevin Verstrepen à Reuters.

"Agora estamos fazendo o mesmo com leveduras em grande escala, fazendo milhões de novas linhagens ou variações de leveduras e testando quais são as melhores".

Ao analisar as bases químicas e genéticas do sabor e aroma da cerveja, os cientistas dizem que estão cruzando linhagens que ressaltam as melhores características para uma boa cerveja.

O trabalho chamou atenção de cervejarias comerciais que querem ajustar suas receitas para eliminar, por exemplo, um certo odor ou acelerar o processo de fermentação.

"Pegamos as leveduras deles e tentamos manter o máximo possível das coisas boas e então melhorá-las", disse Verstrepen.

Além desta pesquisa, o laboratório também trabalha em uma base de dados de cervejas. Em encontros duas vezes por semanas, Verstrepen e seus alunos bebem, e depois cospem, cervejas em uma "degustação técnica" para detectar sutilezas e diferenças entre o gosto e aroma de cada cerveja.

Cada cerveja, servida em copos pretos idênticos e sem marcações, é avaliada e então levada para análise química.

O objetivo é caracterizar cerca de 250 cervejas belgas comercialmente disponíveis, criando o que Verstrepen chama de "mapa científico" da cerveja, para ajudar consumidores na escolha do próximo rótulo. O plano é publicado as descobertas em um livro nos próximos meses.