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Polícia Civil de Alagoas confirma que pai de Eloá é foragido da Justiça

Mônica Cavalcante<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Maceió (AL)

21/10/2008 19h53

O Delegado Geral da Polícia Civil do Estado de Alagoas, Marcílio Barenco, confirmou na noite desta terça-feira (21) que Everaldo Pereira dos Santos é foragido da Justiça alagoana acusado pelo homicídio de Ricardo Lessa, irmão do ex-governador Ronaldo Lessa. O pai de Eloá Cristina Pimentel, 15, usava documentos falsos com o nome de Aldo José da Silva (informação oficial dada pelo delegado) e tem processo no Tribunal de Justiça de Alagoas desde 1993. Everaldo é ex-militar de Alagoas e deixou a corporação naquele mesmo ano. Ricardo Lessa foi morto em 1991.

"Não é mais uma suspeita, está confirmado. O pai de Eloá é Everaldo Pereira dos Santos, foragido da Justiça alagoana. A informação foi confirmada através das fotos apresentadas pela imprensa e por familiares do próprio acusado", relatou o delegado.

Pai de Eloá nega envolvimento em
quadrilha de Alagoas

O pai de Eloá Cristina Pimentel negou nesta terça-feira (21) que tenha cometido os crimes pelos quais é acusado pela polícia de Alagoas. Em entrevista à rádio CBN, Everaldo Pereira dos Santos - que havia se apresentado como Aldo Pimentel - afirmou que é perseguido por autoridades do Estado e que tem medo
de ser morto

Barenco confirmou ainda que são enviados, desde ontem, todos os documentos necessários do acusado às autoridades policiais paulistas. Agora a polícia de Alagoas aguarda um posicionamento formal da polícia de São Paulo.

Família da vítima
Um quadro triste que abalou todo o país se transformou em uma "solução" para a família Lessa. Diante do seqüestro de Eloá, foi possível descobrir o acusado pela morte do ex-delegado e então Diretor Geral da Polícia Civil de Alagoas, Ricardo José Lessa Santos. Irmão do ex-governador Ronaldo Lessa, o delegado investigava os crimes cometidos pela "gangue da farda", uma facção criminosa comandada por integrantes da Polícia Militar de Alagoas.

"É lamentável que isso aconteça em um momento tão constrangedor. A filha não tem nada a ver com os problemas do pai. A morte da menina causou um constrangimento em todo o Brasil, todos nós ficamos tristes com o ocorrido", lamentou Ronaldo Lessa.

Ex-cabo da Polícia Militar, Everaldo deixou a corporação em 1993 e, de acordo com o juiz da 9ª Vara Criminal, Geraldo Amorim, o mesmo tem uma ficha criminal vasta. Ele é considerado foragido e, se capturado, vai responder à ação penal. Sua prisão preventiva já foi decretada, e a descoberta do acusado foi um alívio para a família Lessa.

"É claro que nós, que somos da família de uma vítima dele, ficamos aliviados com a descoberta da polícia. Por mais que ainda não tenham prendido o elemento, agora está tudo mais fácil", desabafou o ex-governador Ronaldo Lessa.

Família de Eloá
Para a família de Eloá, a notícia de que Everaldo é foragido em Alagoas é desconhecida. A informação é que a família saiu de Alagoas para buscar uma vida melhor em terras paulistas. "Essa de que o Aldo é foragido da Justiça é uma surpresa para todos nós. O que sabemos até hoje é que a nossa prima, Ana Cristina, foi para o Estado de São Paulo em busca de melhores condições de vida", declarou Márcio Ângelo Rocha, 34, primo de Ana Cristina.

Companheiros de farda de Everaldo Pereira, que não quiseram se identificar, falaram do comportamento agressivo e de como ele era perigoso e truculento. "Everaldo sempre foi assim, uma pessoa fria, capaz de qualquer coisa, com muitos crimes em sua história. Infelizmente, a filha pagou pelos seus erros. Junto com o companheiro Cição, Amarelinho (o pai do Eloá) era um terror. Me surpreende ele deixar a filha namorar um cara de 19 anos, quando ela ainda tinha 12. Parece que ele mudou muito, jamais teria aceitado uma situação dessas", revelou um deles.

Eles falaram também que, pela experiência de ex-cabo militar, Everaldo teria resolvido o seqüestro da filha, caso não fosse foragido da Justiça e não tivesse que se esconder. "Frio como ele era e rápido para o crime, teria resolvido rápido essa situação. Mas, como a imprensa sempre estava presente e deu toda cobertura, ele não pôde aparecer", afirmou outro ex-colega de profissão.