Ex-bancário acusado de 15 estupros é indiciado por crime contra menina de 11 anos em MG
O ex-bancário Pedro Meyer Guimarães, 56, será indiciado nesta quinta-feira (10) por estupro de uma menina que tinha 11 anos à época do suposto crime, em 1997. A vítima, hoje com 26 anos, reconheceu o suspeito em março deste ano na rua em bairro da região centro-sul da capital mineira, seguiu-o até em casa e chamou a polícia.
A informação é da delegada Margaret Rocha, chefe da divisão Especializada de Atendimento da Mulher, do Idoso e do Portador de Deficiência de Belo Horizonte (MG), que presidiu um dos inquéritos abertos contra Guimarães. Segundo a delegada, há prova contundente para o indiciamento do homem.
De acordo com Margaret, desde a divulgação de sua foto, o homem foi reconhecido por mais 15 mulheres que teriam sido vítimas de ataques sexuais dele, ocorridos na década de 1990, na mesma região da capital mineira.
A delegada informou terem sido abertos mais 11 inquéritos (em alguns casos, um único inquérito engloba mais de uma vítima) contra o ex-bancário, que está preso no presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves (região metropolitana de Belo Horizonte).
“Ele será indiciado por estupro e atentado violento ao pudor”, disse a policial. Guimarães é acusado de ter atacado a garota na garagem de prédio onde ela morava, em bairro da região nordeste da capital mineira.
Dúvidas
A prisão do ex-bancário desencadeou uma sucessão de questionamentos sobre a investigação da polícia em razão de série de estupros ocorridos na década de 1990 contra garotas na faixa etária entre 6 e 15 anos, no bairro Cidade Nova, região nordeste de Belo Horizonte.
Dois homens presos e condenados pelos crimes afirmam terem sido confundidos com Meyer por conta da semelhança física. À época, o porteiro Paulo Antônio da Silva, 66, foi acusado de ter violentado três meninas. Após a prisão de Guimarães, duas das vítimas admitiram ter indicado erroneamente o porteiro como o autor dos estupros.
O advogado Marco Antônio Siqueira, defensor de Silva durante um período, afirma que, mesmo com o cliente preso, os crimes continuaram a serem praticados. “A delegada que o indiciou à época, constatou que os crimes continuavam ocorrendo e foi a uma audiência, a pedido nosso, e o afirmou ter passado a duvidar da culpabilidade do Paulo”, disse Siqueira.
O porteiro foi condenado a 30 anos de prisão. Cumpriu cinco anos e sete meses na cadeia. Adriana Eymar, advogada do artista plástico Eugênio Fiúza de Queiróz, condenado a 40 anos de prisão por estupro contra crianças ocorridos na década de 1990, também diz acreditar que o cliente foi alvo de erro policial e judicial e colocado atrás das grades no lugar de Guimarães. Ela afirmou que pedirá à Justiça revisão no caso do cliente, que já cumpriu 17 anos da pena.
“Pressão da polícia”
O defensor de Guimarães, o advogado Lucas Laire, questiona a culpabilidade do cliente alegando que ele, por se parecer com os outros dois, estaria sendo acusado injustamente. Ainda conforme o advogado, o bancário teria sofrido pressão da polícia para reconhecer a autoria dos crimes.
A delegada Margaret Rocha rebate as acusações e diz que o preso não foi pressionado e teria reconheceu a autoria de ao menos três estupros. Em relação às investigações praticadas na época dos crimes, ela afirmou não ter subsídios para falar em relação às prisões de Silva e Fiúza e sobre supostos erros da polícia na ocasião. Ela não foi a responsável pelos inquéritos.
“Eu não posso falar sobre isso. Não tenho elementos para afirmar isso. Se houve algum erro, eles têm de recorrer à Justiça para que seja refeito todo o procedimento. Até agora, não chegou nada nesse sentido”, afirmou.
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