Topo

Caminhoneiros suspendem greve após acordo com o governo federal

Do UOL, em São Paulo

31/07/2012 21h57

A greve dos caminhoneiros que completaria uma semana amanhã (1º) foi suspensa após o governo entrar em acordo com a categoria nesta terça-feira (31), aceitando discutir as principais reivindicações dos motoristas, disse o ministro dos Transportes, Paulo Passos. A desocupação das estradas foi acertada mediante compromisso do governo de sentar à mesa de negociações a partir do dia 8 de agosto, pelo prazo de 30 dias.

A paralisação bloqueou várias rodovias do país e afetou o transporte de alguns produtos industriais e agrícolas. Ontem e hoje, os caminhoneiros realizaram manifestações e bloqueios de estradas no Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O protesto de caminhoneiros --organizado pelo Movimento União Brasil Caminhoneiros (MUBC) e sem apoio de sindicatos-- é contra uma nova lei que exige um intervalo de descanso mínimo de 11 horas a cada 24 horas e determina a utilização de carta-frete pelos caminhoneiros –medida que obriga obriga os caminhoneiros a receber por meio de uma espécie de conta bancária. Segundo a categoria, as regras reduzirão os rendimentos dos profissionais.

"Todas as reivindicações cabíveis serão examinadas e todos os aperfeiçoamentos propostos serão analisados com cuidado", disse o ministro após a reunião com representantes do MUBC.

Passos informou que durante as negociações a fiscalização da jornada de trabalho terá caráter educativo. Entre pontos que também serão discutidos com o setor estão o Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Carga (RNTRC), que teria aberto o mercado para uma "concorrência desleal" e uma defasagem dos preços do frete; e o regulamento do Pagamento Eletrônico do Frete (PEF), que teria sido responsável por queixas recorrentes contra a operadora financeira responsável pelos trâmites

Bloqueios

No Rio Grande do Sul, a BR-101 foi liberada no início da tarde desta terça-feira (31), no trecho na cidade de Três Cachoeiras, próximo à divisa com Santa Catarina, no litoral norte do Rio Grande do Sul. Desde a noite de ontem, o tráfego foi interrompido parcialmente por conta de um protesto de caminhoneiros. O trecho ficou cerca de 15 horas com a circulação restrita para caminhões.

O tráfego começou a ser liberado na BR-101 quando patrulheiros iniciaram a escolta de motoristas que desejavam seguir viagem. Por volta das 16h o movimento já era considerado tranquilo no local, segundo a Polícia Rodoviária. A estimativa da PRF é que, no total, 500 caminhões tenham ficado parados no trecho, gerando 20 km de congestionamento.

Na Dutra, os bloqueios em vários pontos causaram congestionamento de 19 km no sentido SP-Rio e 12 km no sentido oposto, a partir de Resende.

Greve não atinge transportadoras

As grandes transportadoras do país estão fora da greve de caminhoneiros. Mas, caso a paralisação se estenda, essas empresas devem enfrentar dificuldades crescentes para fazer as entregas.

"A nossa frota não está parando, os nossos motoristas não estão aderindo (à greve), mas pontualmente temos alguma frota que fica parada em algum bloqueio", afirmou o diretor de operações da JSL, Adriano Thiele. "Mas se alongar por mais uma semana trará, sim, alguns impactos".

Assim como a JSL, as empresas Brado Logística, subsidiária da ALL e TNT Express afirmaram à Reuters que as suas frotas de caminhões não foram afetadas pela paralisação.

O diretor da Fadel Transportes e membro do conselho de ética da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Ramon Alcaraz, disse que todos os segmentos mais afetados são os de produtos perecíveis e de alto giro, como bebidas e autopeças.

"A greve tem seu sentido, a Abralog compartilha com alguns pontos, como a necessidade do aumento da segurança e da formalização do segmento (...) mas, apesar disso, não se pode ser antidemocrático com uma greve em todos os segmentos."

Especificamente à Fadel Transportes, Alcaraz disse que a empresa tem como cliente a Ambev, com uma frota de 700 caminhões. Deste total, 50 caminhões que fazem abastecimento de centros de distribuiçãos de bebidas estão parados "porque não dá para passar pelas estradas". "Se isso durar mais alguns dias, o resto da frota vai parar também."

Apesar do posicionamento contrário à greve pelas grandes empresas, a paralisação já está afetando o transporte de bens industriais e produtos agrícolas, criando manifestações de setores afetados após quase uma semana do início da greve.

Entre eles está a União Brasileira de Avicultura (Ubabef) informou nesta terça-feira que o abastecimento de ração para criação de frangos.

Em nota, o Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes) informou que as atividades de distribuição estão normais, "com dificuldades pontuais no atendimento a clientes localizados em regiões que dependem do trânsito em vias bloqueadas. (Com Valor e Reuters)

Grevistas barram caminhoneiros que tentam furar bloqueio