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Polícia Civil do RN detalha esquema de quadrilha que clonava cartões de pessoas ricas mortas

Imagem mostra cartão clonado de Marcos Matsunaga, empresário da Yoki morto pela mulher, Elize - Divulgação
Imagem mostra cartão clonado de Marcos Matsunaga, empresário da Yoki morto pela mulher, Elize Imagem: Divulgação

Elendrea Cavalcante

Do UOL, Natal

27/08/2012 17h49

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte apresentou nesta segunda-feira (27) o resultado da operação “Sete Faces”, que culminou na prisão de sete integrantes de uma quadrilha especializada em clonagem de cartões de pessoas ricas que já morreram.  O bando agia por todo o Brasil e escolhia seus alvos com base no limite do cartão de crédito da vítima.  

Entre os alvos do grupo estavam o diretor-executivo da Yoki, Marcos Matsunaga, cuja morte, em maio deste ano, ganhou repercussão nacionalmente; e um dos donos da construtora Camargo Corrêa, Fernando Arruda Botelho, morto em um acidente de avião em abril deste ano.

O grupo é acusado de formação de quadrilha, estelionato e furto. Alguns integrantes já tinham passagem pela polícia. Um oitavo integrante ainda está sendo procurado. Também foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, que resultaram na apreensão de carros, motos e uma caminhonete.

A investigação policial começou em junho deste ano, quando o funcionário de uma instituição financeira de São Paulo procurou a Polícia Civil do Rio Grande do Norte para informar sobre a suspeita de existência da quadrilha.

“Essa pessoa nos apresentou um cartão de crédito “sem limite”, solicitado em nome de Marcos Matsunaga. Checamos o endereço para o qual ele foi solicitado e tratava-se de um endereço no bairro de Capim Macio, Zona Sul de Natal. Neste momento, tínhamos duas opções. Ou iriamos até o endereço tirar a história a limpo ou iniciávamos sem espantar ninguém o processo de investigação. Ficamos com a segunda opção”, explicou o delegado Ben-Hur Cirino de Medeiros, da Delegacia de Capturas do RN.

Segundo o delegado, o endereço era de um dos integrantes da quadrilha. A partir daí, a investigação levou a outros integrantes que “contaram seus golpes”, ainda segundo Medeiros.

O delegado explicou que o grupo conseguia o cadastro das vítimas e, com os dados, conseguiam financiar veículos de luxo. Pelo esquema, um dos membros da quadrilha ia até a concessionária se passando por funcionário da pessoa morta (sem dar mostras de que ela havia falecido) e fazia o financiamento pelo banco como representante daquela pessoa. “Por isso, ressaltamos que as verdadeiras vítimas deste esquema foram os bancos, pois do ponto de vista do Direito Penal, os mortos não têm como responder por isso”.

A quadrilha também abria empresas de fachada para dar golpes no mercado. Adquiriam produtos, pagavam no início, até conquistar a confiança das empresas, e depois desapareciam. As mercadorias eram revendidas para que a quadrilha convertesse os produtos em dinheiro. Havia receptadores certos para a compra dos produtos. A polícia investiga a participação dos donos de algumas empresas e o uso de seus estabelecimentos comerciais na fraude.

O delegado explicou que o trabalho ainda não foi concluído. Desta forma, ainda não é possível calcular o valor desviado pela quadrilha. “Conseguimos apreender alguns bens. Outros não”, disse o delegado. “O impressionante é que os membros da quadrilha tinham uma certeza tão grande de impunidade que no momento em que o país inteiro acompanhava pelos veículos de comunicação a morte de Marcos Matsunaga --ou seja, era um caso de repercussão nacional--, assim mesmo, eles estavam agindo”.