Justiça barra sacrifício de cachorro com leishmaniose em Campo Grande (MS)
Decisão judicial anunciada na tarde desta terça-feira (15), em Campo Grande (MS), livrou do sacrifício um cachorro com suspeitas de leishmaniose. Animais com essa doença, transmissível ao ser humano, por não ter tratamento de cura confiável, devem ser sacrificados, segundo interpretação e determinação do Ministério da Saúde.
Pela decisão do juiz Amaury Kuklinsk, o cachorro deve ser entregue -–isso ocorreu ainda à tarde-- a uma ONG (organização não-governamental) que cuida de animais. Do contrário, a prefeitura da cidade, que não se manifestou até agora, deveria pagar uma multa diária de R$ 50 mil.
O episódio dura desde julho do ano passado, quando Scooby, uma mistura de rotwailer com pit bull, foi arrastado pelo dono numa motocicleta por uma distância de 6 km.
Scooby apresentava sintoma da doença, como queda de pelo, daí o dono resolveu leva-lo até o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), órgão que atestou a doença numa primeira avaliação.
O cachorro, machucado, foi exibido à imprensa pelos funcionários do órgão e a história de Scooby foi parar nas redes sociais da internet, principalmente no Facebook.
Se o animal não virasse notícia teria sido morto ainda em julho do ano passado, final definido pelo CCZ quando os cães aparecem lá com o sintoma da doença.
Por determinação do ex-prefeito da cidade, Nelson Trad Filho (PMDB), o cachorro foi tirado do CCZ e levado até uma clínica veterinária, onde recebeu tratamento até dezembro. Daí, Scooby retornou ao órgão.
A presidente da organização não-governamental Abrigo dos Bichos, Maíra Kavinski Peixoto, e a então presidente do CRMV-MS (Conselho Regional de Medicina Veterinária), Sibele Cação, entraram na briga pela adoção e o retorno do animal para a clínica.
A ONG foi quem moveu a ação pedindo a guarda do cachorro que, segundo Maíra, não recebia medicamento contra a leishmaniose desde o dia 19 do mês passado. Mesmo assim, disse ela, o cão está saudável.
A interrupção no tratamento de Scooby determinou a decisão do magistrado, que escreveu em seu despacho: “A manutenção do animal do CCZ pode causar danos irreparáveis ou de difícil reparação à demanda da autora, qual seja o óbito”.
Por manifestar-se favorável ao tratamento de Scooby, Sibele foi afastada da entidade pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), ainda em dezembro. O mandato dela expiraria neste mês.
Sibele quer adotar o animal e ainda usá-lo como testemunha em ação que pretende mover contra o CFMV.
“Não arrisquei a saúde da população, decidi defender a causa por acreditar no tratamento contra a leishmaniose, assunto que deveria ser debatido nacionalmente. Hoje, essa questão é pouco discutida até nas faculdades, entre os estudantes de medicina veterinária”, disse ela ao UOL, logo que afastada do conselho regional.
Maíra disse que Scooby já apresentou melhoras e retornará para a clínica, onde segue o tratamento contra a leishmaniose. Ela ainda não sabe se o animal será adotado logo pela ex-presidente do CRMV-MS.
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