Defesa tenta desqualificar perícia que incrimina Mizael por assassinato
Com o depoimento do perito-chefe da investigação do caso Mércia Nakashima, Renato Domingos Pattoli, a defesa do réu Mizael Bispo de Souza tentou desqualificar a perícia feita pelo Instituto de Criminalística à época do crime, três anos atrás. Pattoli é a primeira testemunha ouvida nesta quarta-feira (13) no terceiro dia de julgamento de Mizael, no Fórum de Guarulhos (Grande SP).
Relembre o caso Mércia
O perito explicou que a terra encontrada no sapato de Mizael não é compatível com a encontrada na represa de Nazaré Paulista, onde o corpo de Mércia foi encontrado.
"A quantidade de terra encontrada era pequena, mas dá para afirmar que não era compatível", disse.
Segundo o biólogo Carlos Eduardo Bicudo, ouvido como testemunha no primeiro dia de julgamento, algas não se fixam na terra, e sim, em um substrato. Por isso, a terra e a alga encontradas no sapato de Mizael podem ter vindo de locais diferentes.
Questionado pelos defensores de Mizael, Pattoli afirmou não ter analisado os pneus do carro de Mércia Nakashima para confrontar a alga encontrada no sapato, já que o veículo rodou no mesmo terreno pisado pelo calçado.
Além disso, a partícula metálica que foi encontrada no mesmo calçado também é incompatível com a do projétil achado dentro do veículo de Mércia.
Pattoli explicou que também é impossível afirmar com certeza que havia sangue e partículas ósseas no sapato do réu.
"O Luminol é um reagente que diz que pode haver sangue no sapato, mas não posso afirmar que seja sangue, já que o produto também reage com outros elementos com ferro", afirmou.
Pattoli também contou que, pessoalmente, pegou dois pares de sapato de Mizael na casa do réu e que decidiu, a partir de uma análise visual, não recolher outros calçados.
O perito afirmou que o responsável por ter empurrado o carro de Mércia para dentro da represa necessariamente precisou colocar o pé dentro d'água.
"Foi surpresa pra mim [o suspeito] conseguir jogar o carro na represa. Nunca havia visto algo assim", contou.
O biólogo Bicudo também disse, no primeiro dia de julgamento, que o sapato precisou entrar na água para ter a alga fixada nele.
A defesa questionou ainda sobre o trabalho de retirada do veículo de Mércia da represa. Para os advogados, os bombeiros podem ter danificado algumas provas.
"Não existe uma maneira de retirar o carro, sem que algumas provas sejam danificadas", afirmou Pattoli.
Os jurados se mostraram com dúvidas em relação ao trabalho da perícia --por cinco vezes enviaram perguntas à testemunha.
Testemunha se contradiz à acusação
Na inquirição da testemunha, o promotor Rodrigo Merli Antunes mostrou um vídeo da fase de instrução, em 2010, em que Pattoli afirmava que não era possível dizer se a terra do sapato de Mizael era a mesma da represa.
Confrontado, o perito voltou atrás no que fora dito há quase três anos e reforçou que as terras são diferentes.
"Com relação à terra, existem vários exames para atestar a compatibilidade. Visualmente as amostras são similares. Pela granulometria, a terra do sapato e da represa são diferentes. Então, com certeza a terra é outra. Logo, não há necessidade de se fazer outros exames", explicou.
Diante de mais uma pergunta do promotor, o perito afirmou que na casa de Mizael foi encontrada munição com a mesma proporção de cobre e zinco presente no projétil que foi achado no chão do carro de Mércia.
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