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Protesto por tarifa zero em Brasília reúne cerca de 1.300, diz PM

Manifestação pela tarifa zero no transporte público em Brasília reuniu cerca de 1.300 pessoas, segundo a Polícia Militar, na rodoviária do Plano Piloto - Roberto Jayme/UOL
Manifestação pela tarifa zero no transporte público em Brasília reuniu cerca de 1.300 pessoas, segundo a Polícia Militar, na rodoviária do Plano Piloto Imagem: Roberto Jayme/UOL

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

19/06/2013 18h03Atualizada em 19/06/2013 19h40

O protesto pela tarifa zero no transporte público em Brasília reúne, no início da noite desta quarta-feira (19), cerca de 1.300 manifestantes, de acordo com cálculos da Polícia Militar.

O protesto começou na Rodoviária do Plano Piloto e agora segue pela avenida W3 Sul, na Asa Sul da capital.

A auxiliar de serviços gerais Marina Ferreira de Souza, 52 anos, estava na rodoviária para pegar ônibus de volta para casa quando a manifestação começou. Apesar de não ter aderido, ela apóia o movimento, pois gasta de duas horas a duas horas e meia todos os dias para se deslocar entre Taguatinga e Brasília.


"A gente não aguenta mais. Já estava na hora das pessoas fazerem alguma coisa", diz ela, que critica a má qualidade do transporte no DF.

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A auxiliar administrativa Régia Barros, de 47 anos, concorda e reclama do mau estado de conservação dos ônibus e defendeu a redução da tarifa.

A estudante de relações internacionais Isabela Carvalho, 23 anos, participa de seu primeiro protesto contra a redução da tarifa.

Ela disse, porém, que a reivindicação vai além do valor da passagem: "estamos cobrando eficiência no transporte público. Faltam ônibus e linhas mais bem distribuídas"

Já a estudante Natalie Isha, 14 anos, defendeu os demais protestos que acontecem no país. "Estou fazendo aqui a minha parte e pelo futuro da nossa sociedade". Ela mora em Samambaia e usa transporte público.

Um cobrador de ônibus de 59 anos, que preferiu não se identificar, diz que trabalha há 28 anos em empresa de transporte do DF e que apoia as manifestações. Segundo ele, os passageiros reclamam muito da demora dos ônibus e do estado dos veículos.

O protesto pela tarifa zero ocorre no mesmo dia em que os governos do Rio de Janeiro e São Paulo anunciaram a redução de suas tarifas.

O professor de matemática Piragibe Paixão, 37 anos, diz que a redução em SP e no RJ mostra o poder da pressão popular. Para ele, a tarifa zero ou um bilhete mensal seriam boas opções para melhorar o transporte público do DF.

Um dos coordenadores do Movimento Passe Livre do DF, Paíque Luque, comentou as reduções em SP e no Rio. "Isso mostra a força que o movimento está tomando. Aqui [no DF] não houve aumento de tarifa, mas houve a construção de um estádio. Queremos investimento equivalente em transporte e outros setores essenciais."

Protestos se espalham pelo Brasil
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Gritos de guerra

Sob a rodoviária, os manifestantes entoaram vários gritos de guerra. Alguns deles são: "O meu dinheiro não é capim, eu pulo a catraca sim"; “Boi, boi, boi, boi da cara preta, sem tarifa zero a gente a pula a roleta" e "Se a tarifa não zerar, Brasília vai parar”.

Também sobraram xingamentos para o governo do DF, Agnelo Queiroz (PT).

O protesto conta com tambores, baterias e faixas e tem sido pacífico. A PM conta com um efetivo de 55 homens que, por enquanto, apenas monitoram o local.

Quarto dia de protestos

A capital federal vive hoje o quarto dia de protestos.

O primeiro foi na sexta-feira passada, na véspera do jogo de abertura da Copa das Confederações no Estádio Nacional Mané Garrincha, em que houve queima de pneus na via que fica ao lado do estádio. Cinco pessoas foram presas.

Em seguida, houve um protesto no dia do jogo entre Brasil e Japão, duramente reprimido pela Polícia Militar. Pelo menos duas manifestantes que participaram do protesto em frente ao estádio foram atingidas na cabeça por balas de borracha disparadas pela PM.

E, na última segunda-feira, o maior protesto da série reuniu cerca de 10 mil pessoas, segundo a PM. Manifestantes desceram pelo Eixo Monumental e ocuparam a marquise do Congresso Nacional, onde permaneceram por cinco horas.

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Governo diz que renova frota

Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (19), o governador Agnelo Queiroz afirmou que o governo da unidade federativa está renovando a frota de ônibus do DF e garantiu que a tarifa não irá aumentar.

"Agnelo Queiroz lembrou as melhorias que estão em curso no transporte público, como a licitação para renovação de toda a frota de ônibus do Distrito Federal, o que segundo ele "vai permitir um transporte digno de qualidade", sem aumento de tarifa", afirma a nota do GDF.

Agnelo afirmou ainda que busca entender as reivindicações dos manifestantes. "Para entender esse movimento que está democraticamente tomando as ruas do país é preciso observar não apenas de onde ele vem, mas principalmente para onde ele aponta. E ele aponta para um país sem corrupção, com serviços públicos eficientes e de qualidade. Essas bandeiras são de todos os brasileiros e eu me sinto representado por elas."