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Rebelião tem 21 feridos em presídio de Manaus

Elendrea Cavalcante

Do UOL, Manaus

12/07/2013 09h57

Pelo menos 21 presos ficaram feridos após rebelião e incêndio ocorridos na noite dessa quinta-feira (11) na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus. As chamas começaram depois que aproximadamente 1.100 detentos se negaram a retornar para suas celas após o banho de sol.

Os presos atearam fogos em colchões, e aos poucos os familiares foram chegando. Nervosos com a situação dentro da cadeia e a falta de informações, parentes dos presidiários tentaram entrar a força no prédio da Vidal Pessoa e enfrentaram a polícia, que chegou a usar spray de pimenta para acalmar os ânimos.

Para conter as chamas, o Corpo de Bombeiros deslocou quatro caminhões para o local, que ganhou também policiamento reforçado. A Polícia Militar informou que atuaram na ação homens da 1ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), além da Força Tática.

Ao final, mais de quatro ambulâncias do Samu saíram com os presos feridos, que foram levados para o Serviço de Pronto Atendimento (SPA) do São Raimundo. Depois foi feita uma revista no local e um total de 60 detentos foram transferidos para outras unidades prisionais.

Maior presídio de Manaus tem fuga em massa

Mais cedo, ainda à tarde, a polícia interceptou Nikson Barbosa, 18, quando tentava jogar três armas (entre elas uma pistola PT 45) para os presidiários. A suspeita era de que a rebelião já estava planejada, e as armas seriam usadas na ação.

O motim na Vidal Pessoa ocorreu exatamente dois dias depois da rebelião no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), na BR-174 (que liga Manaus a Boa Vista), de onde 144 detentos fugiram em meio à confusão. Destes, apenas 79 foram recapturados.  

Crise

O sistema penitenciário de Manaus vive uma crise. Na última segunda-feira (8), circularam pela internet, por meio de uma rede social, fotos de detentas da ala feminina da Vidal Pessoa. Nas imagens e textos pessoais, as presas aparecem com mensagens de otimismo, amor e até mesmo fazendo uso de artifícios de cuidados pessoais, como manicure.

Como resposta, a Secretaria de Estado da Justiça e Direitos Humanos (Sejus) transferiu as detentas para o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), localizado no km 8 da BR 174.

Na terça-feira (9), foi a vez de detentos do Ipat armarem a rebelião para a fuga de 144 presos. Em entrevista, o governador do Amazonas, Omar Aziz (PSD), disse que uma das medidas para melhorar o sistema penitenciário do Amazonas é a construção de novos presídios no Estado, com recursos do governo federal.

“Precisamos de investimentos do Governo Federal. Há uma cobrança do povo, da sociedade por isso”, disse Azis. Para ele, a rebelião no Ipat foi uma consequência das medidas implantadas no presídio recentemente, como o uso de bloqueadores para telefones celulares.