Investigação inocenta de fraude ganhador de prêmio de R$ 119 milhões da Mega-Sena
Uma reviravolta transforma em vítima o até então suspeito de fraudar a retirada do maior prêmio da história da Mega-Sena sorteado para um único acertador --R$ 119 milhões--, ocorrido no dia 6 de outubro de 2010 no interior do Rio Grande do Sul.
Depois de a Justiça arquivar o processo que causou rebuliço entre os moradores de Fontoura Xavier (193 km de Porto Alegre), o MPE (Ministério Público Estadual) concluiu que o empresário que sacou o dinheiro foi vítima de uma armação --o grupo agora acusado de fraude dizia que ele tinha conseguido tirar o bilhete premiado de um bolão. O empresário ficou com o prêmio.
Até então, a Polícia Civil havia apurado que o ex-secretário de Obras da cidade, um funcionário do empresário e o dono da lotérica onde foram feitas as apostas teriam acobertado a fraude, que consistiu em retirar o bilhete sorteado de um bolão feito por 11 funcionários da prefeitura.
Na ocasião, o delegado Heliomar Franco, responsável pelo caso, dizia acreditar que houve crimes de estelionato, formação de quadrilha e falso testemunho, apontados pelo inquérito que começou em outubro de 2010, após queixa dos supostos integrantes do bolão.
O caso acabou arquivado pela Justiça, depois que o MPE verificou que não havia indícios de crime por parte do empresário.
Mas, na semana passada, uma nova investigação do MPE concluiu que 12 suspeitos, incluindo o então prefeito de Fontoura Xavier José Flávio Godoy da Rosa, criaram a fraude para ter direito ao prêmio. Eles foram denunciados por formação de quadrilha, denunciação caluniosa em concurso de pessoas e coação no decorrer do processo.
A Juíza Karen de Souza Pinheiro aceitou a denúncia do MPE contra eles por formação de quadrilha, denunciação caluniosa em concurso de pessoas, falso testemunho e coação no decorrer do processo.
Segundo os promotores, os participantes do bolão montaram uma versão fraudulenta, acusando uma pessoa de ter retirado o bilhete premiado e tê-lo repassado ao ganhador, tudo com o objetivo de terem acesso ao prêmio. A reportagem tentou contatar os envolvidos no caso, mas não obteve êxito.
O prêmio de R$ 119.142.144,27 é maior do que a economia da cidade gaúcha de Fontoura Xavier.
O município tem um PIB (Produto Interno Bruto) anual próximo de R$ 80 milhões. O orçamento da prefeitura, de R$ 14 milhões por ano, é pouco superior a 10% do valor do dinheiro sorteado.
A economia local é vinculada à lavoura de fumo, cultivo de erva-mate e suinocultura.
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