"Meu conforto é ter enterrado os restos mortais do meu filho"
A dona de casa Creusa Paixão Lopes, 66, de Brasília, esperou 54 dias para poder enterrar o filho –o bacharel em direito Marcelo Paixão, então com 29 anos, uma das vítimas do voo 1907, da Gol. A tragédia --que deixou 154 mortos após o Boeing ser atingido por um jato executivo-- completa sete anos neste domingo (29).
“Para quem é mãe, cada dia que passa, cada ano que se completa é um marco. Meu filho saiu de casa no dia 25 [de setembro de 2006], dia 29 ele deveria ter voltado, e não voltou. A saudade aumenta e até hoje não sei dizer, de fato, quem foram os culpados”, disse.
Creusa foi uma das familiares que aceitou acordo com a companhia aérea. Entre uma frase e outra, entretanto, faz questão de pontuar: “Não brigaria jamais em um caso desse, é desgaste demais. Mas dinheiro nenhum, indenização nenhuma cobre a vida de alguém... para mim, não cobre.”
Mãe de outros três filhos, a dona de casa disse que Marcelo era um filho “amoroso, educado”. Era funcionário de um banco e voltava de uma semana de reuniões em Manaus. O voo seguia para o Rio, mas a escala seria na capital federal, sua terra natal.
“Muda muita coisa perder um filho, é uma dor diferente de qualquer outra, diferente de tudo. A gente espera que, se houver culpados, que haja Justiça. Mas não adianta ter ódio e revolta, tudo já foi muito sofrido, e só o que a gente queria era que todos fossem identificados”, diz.
Para a idosa, parte do conforto veio quando recebeu os restos mortais do filho. “Eu pedia muito a Deus isso, pois precisava ter uma referência do Marcelo. Agora posso visitá-lo no túmulo da avó, onde foi sepultado. A dor seria muito maior se ele continuasse desaparecido.”
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