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Suspeitos de tortura serão ouvidos nesta quarta na Comissão da Verdade

Do UOL, no Rio

02/10/2013 06h00

Três militares da reserva prestarão depoimento nesta quarta-feira (2) sobre as sessões de tortura que teriam provocado a morte do preso político Mário Alves, em janeiro de 1970, no interior do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna), no Rio de Janeiro.

Os então tenentes Luiz Mário Correia Lima, Dulene Garcez e Armando Avólio Filho serão ouvidos pelos membros da Comissão Estadual da Verdade no auditório da Caarj (Caixa de Assistência dos Advogados do Rio), no centro da cidade.

Dos militares convocados, dois já haviam sido chamados para uma audiência pública sobre o mesmo assunto realizada no dia 14 de agosto, porém não compareceram --os motivos não foram esclarecidos.

Agora, se faltarem mais uma vez, ambos serão conduzidos de forma coercitiva a uma terceira audiência, a ser posteriormente marcada, segundo a assessoria da Comissão da Verdade. No dia 14 de agosto, apenas o hoje coronel da reserva do Corpo de Bombeiros Valter da Costa Jacarandá prestou depoimento. Na ocasião, ele admitiu a prática de tortura nos interrogatórios.

O DOI-Codi, criado durante a ditadura militar (1964-1985) e situado no 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, zona norte da capital fluminense, tinha a função de unificar a repressão política e é apontado como o principal palco das sessões de tortura ocorridas no decorrer do regime.

O órgão possuía salas preparadas especialmente para que os presos políticos da época fossem torturados. Em uma delas, conhecida como "geladeira" ou "caixinha de música", o detento ficava isolado em um ambiente de baixíssima temperatura, e era obrigado a escutar um barulho que se assemelhava ao som emitido por uma turbina de avião.

O relato é de Cid Benjamin, que ficou preso no DOI-Codi durante quase dois meses em 1970, e hoje trabalha no setor de comunicação da Comissão da Verdade do Rio.