Caso Gritzbach: olheiro se escondeu no Complexo do Alemão, mas foi expulso
Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, reduto do CV (Comando Vermelho), a maior organização criminosa fluminense. Era lá que estava escondido Kauê do Amaral Coelho, 29, o olheiro da quadrilha responsável pelo assassinato de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, 38.
O empresário, delator de integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e de policiais civis corruptos, foi assassinado a tiros no último dia 8, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, quando voltava de viagem com a namorada e um dos PMs de sua escolta pessoal.
Segundo a Polícia Civil, Kauê estava no saguão do Terminal 2 do aeroporto no momento em que Gritzbach desembarcava. Com o telefone celular, o olheiro telefonou para seus comparsas e avisou que a vítima já estava do lado de fora na faixa de pedestres.
Dois atiradores portando fuzis desceram de um Gol preto e abriram fogo contra o empresário. Os executores fugiram com o motorista do automóvel, abandonando o veículo, assim como as armas usadas na matança, a seis quilômetros do aeroporto.
Os assassinos entraram em um ônibus da Viação Campo dos Ouros e foram filmados pelo circuito do coletivo. O motorista do Gol preto fugiu a pé. Os atiradores desceram no Jardim Cocaia e foram resgatados por Kauê, pilotando um Audi preto.
O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) apurou que Kauê, logo após o crime, fugiu para o Rio de Janeiro e ficou escondido alguns dias no Complexo do Alemão. Ele foi expulso de lá por traficantes de drogas no CV. A polícia espera prendê-lo nos próximos dias.
Agentes do DHPP disseram ter identificado um segundo homem suspeito de envolvimento na morte do empresário. Trata-se de Matheus Augusto de Castro Mota, 33. Policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão nos endereços do suspeito e prenderam um caseiro dele por posse de arma.
Os investigadores apuraram ainda que Matheus tem loja de veículos e foi ele quem cedeu o Gol preto usado pelos atiradores e também o Audi preto utilizado por Kauê. Além disso, ele ainda é acusado de financiar a fuga do olheiro, passando um Pix para ele. A polícia afirma que os dois são sócios em uma adega.
A ida de Kauê para o Rio de Janeiro foi descoberta porque ele era monitorado e teve a movimentação financeira rastreada na utilização de cartões de banco durante a fuga. O DHPP investiga se integrantes do CV também estão envolvidos no crime, conforme divulgou esta coluna na quarta-feira (20).
Na manhã desta sexta-feira (22), a força-tarefa responsável pela investigação da morte do empresário cumpriu também mandados de busca e apreensão em endereços relacionados a nove policiais militares responsáveis pela escolta de Gritzbach.
Um dos PMs, o soldado Alef de Oliveira Moura, 29, já atuou na Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), mas não está mais lotado na unidade de elite da Polícia Militar. Ele e os outros oito colegas de farda foram afastados de suas funções.
O UOL apurou que Alef escoltou Gritzbach até o Fórum da Barra Funda zona oeste paulistana, onde o empresário tinha ido participar de uma audiência judicial. Um policial militar da Guarda do Fórum estranhou a presença do colega de farda e acionou a corregedoria.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Kauê, Matheus e Alef, mas publicará a versão dos defensores de todos eles assim que houver uma manifestação.
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