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Brasil precisa abandonar "síndrome de vira-lata" nos transportes, diz Dilma

A presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) durante cerimônia de anúncio de investimentos do PAC Mobilidade Urbana, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, nesta sexta-feira (25) - Nelson Antoine/Fotoarena/Estadão Conteúdo
A presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) durante cerimônia de anúncio de investimentos do PAC Mobilidade Urbana, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, nesta sexta-feira (25) Imagem: Nelson Antoine/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

25/10/2013 12h41Atualizada em 25/10/2013 13h45

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (25), em São Paulo, que o país precisa "superar o complexo de vira-lata" nos transportes públicos. A declaração foi feita durante o anúncio de R$ 5,4 bilhões de reais para obras de mobilidade urbana no Estado.

"Temos que abandonar o complexo de vira-lata, como dizia [o escritor] Nelson Rodrigues. Na véspera da final da Copa do Mundo que o Brasil venceu, tinha gente dizendo que o time iria perder. Este complexo precisa ser superado nos transportes, pois reconhecemos que este é um setor estratégico para o país", declarou.

A cerimônia de anúncio das verbas aconteceu no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Dilma e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), trocaram elogios em mais de uma oportunidade, e destacaram a "parceria suprapartidária" entre os dois governos.

O dinheiro será destinado à expansão das linhas 2 do metrô, 9 da CPTM e para a implantação de um sistema de trem urbano que ligue a zona leste ao aeroporto de Guarulhos, além da modernização de 19 estações do trem metropolitano.

Mais cedo Dilma divulgou em sua conta no microblog twitter que este valor faz parte de uma linha de crédito de R$ 33 bilhões, previstos para os próximos 30 anos.

“As obras de mobilidade urbana exigem parceria. Houve críticas ao governo por financiar esse tipo de iniciativa, mas decidimos continuar financiando”, declarou Dilma, que completou: “Para fazer metrô tem que ter financiamento de 30 anos, com carência de cinco anos e juros subsidiados”, afirmou.

Na avaliação da presidente, o governo federal está fazendo  “uma revolução na estrutura de transporte urbano no país”.

Leilão do pré-sal

Em seu discurso, Dilma destacou os quatro grandes pactos de seu governo --controle de inflação, reforma política, mobilidade urbana e saúde/educação-- e refutou duramente as críticas ao resultado do leilão do pré-sal, esta semana, no Rio. De acordo com a presidente, as críticas às empresas chinesas que integram o consórcio vencedor são "preconceito ou xenofobia".

"É uma extrema tolice ter preconceito contra essas empresas [chinesas]. Pensar diferente disso é de uma ingenuidade absurda. Mas prefiro a ingenuidade à xenofobia, porque a primeira tem cura, e a segunda, não".

Eleições 2014

O PT, partido de Dilma, aposta no ministro da Saúde, Alexandre Padilha, como pré-candidato ao governo paulista em 2014. Ele foi a estrela do programa partidário petista veiculado na noite de quinta-feira, 24, no rádio e na televisão. Padilha e o programa Mais Médicos, sua bandeira de campanha, ocuparam um terço da propaganda transmitida em rede nacional.

Em 2014 a capital paulista --gerida por Haddad-- deverá se tornar um canteiro de obras na área da saúde, com auxílio de verba do governo federal, tendo em vista o pleito do ano que vem.

Os repasses da União para a construção e reformas de unidades na atual gestão deverão aumentar 3.162%, quando comparados com a verba de investimento disponibilizada pelo governo federal neste ano.

O Estado de São Paulo esteve sob comando do PSDB de 1995 a 2006, e de 2007 até este ano.  

Pesquisa feita pelo Ibope, encomendada pela "Rede Globo" e pelo jornal "O Estado de S. Paulo", divulgada na quinta-feira (24), mostra que a presidente Dilma se reelegeria no 1º turno em praticamente todos os cenários possíveis para a disputa eleitoral de 2014. O único cenário em que a presidente poderia não se reeleger no primeiro turno é o que ela concorre com a ex-senadora Marina Silva (PSB) e o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) --o mesmo que ela enfrentou em 2010.

Transporte público e protestos

Diversas manifestações pela melhoria nos transportes públicos acontecem nas cidades brasileiras desde julho. Em São Paulo, o estopim dos protestos foi o aumento na passagem de ônibus e metrô, de R$ 3 para R$ 3,20. Posteriormente Alckmin e Haddad voltaram atrás e revogaram o reajuste.

Esta semana, o MPL (Movimento Passe Livre) organizou vários atos pedindo a tarifa zero no transporte público e a reativação de linhas extintas. Um protesto está marcado para as 17h sexta-feira (25) na região central da capital.