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Detido durante reintegração de posse, líder do MTST diz que prisão foi política

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

17/01/2017 12h31Atualizada em 17/01/2017 18h04

O coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, atribuiu a uma suposta ação "política" a prisão dele pela Polícia Militar nesta terça (17).

Boulos foi detido ao final de uma reintegração de posse em que cerca de 700 famílias foram despejadas de um terreno em São Mateus (zona leste de São Paulo) pela Tropa de Choque da PM.

A PM prendeu Boulos pelos crimes de incitação à violência e desobediência civil. Ele depôs durante cerca de meia hora ao delegado do 49º DP (São Mateus), mas, até as 14h, ainda não havia sido liberado.

Foi uma prisão política, evidente. Eles alegam incitação à violência e despejam 700 famílias de forma violentaGuilherme Boulos

"Foi uma prisão descabida, depois que os fatos ocorreram, não houve nenhum flagrante. Atribuíram a mim fatos que não aconteceram", defendeu-se.

De acordo com Boulos, o MTST estava na reintegração "para garantir o direito das pessoas que estavam sendo despejadas".

"Tentamos construir uma saída negociada e pacífica. A Tropa de Choque avançou, jogou bombas e agora querem encontrar um culpado", explicou.

Em nota divulgada mais cedo sobre o caso, a Polícia Militar havia informado que atendeu o pedido para apoiar os oficiais de Justiça no cumprimento da reintegração de posse.

"Após tentativa de negociação dos oficiais com as famílias, sem acordo, os moradores resistiram hostilizando os PMs, arremessando pedras, tijolos, rojões e montando três barricadas com fogo. Um policial militar ficou ferido de leve por uma bomba caseira e duas viaturas do Choque foram danificadas", descreveu.

Segundo informações da Polícia Civil, José Ferreira Lima, integrante do MTST, também foi detido e encaminhado ao 49º DP (São Mateus).

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo repetiu --também em nota-- as informações repassadas pela Polícia Militar e destacou que a PM agiu para garantir o cumprimento da ordem judicial. Além disso, afirmou a dupla foi detida acusada também de participar de ataques com rojão contra a PM.

Boulos nega a acusação. "Francamente, estou surpreso com a criatividade da assessoria ou do secretário ou de quem escreveu uma asneira dessa", disse.

Sobre a reintegração, o Ministério Público informou há pouco que entrou na semana passada com pedido de suspensão da ação de reintegração de posse porque as famílias não foram cadastradas para outras áreas de destino. O pedido foi negado ontem (16) pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Em julho do ano passado, o MP já tinha pedido o cadastramento das famílias, mas a justiça não aceitou na época.