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Estudante diz que 'Dr. Bumbum' usou mistura de silicone industrial em seu glúteo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

18/07/2018 18h43Atualizada em 19/07/2018 19h58

A estudante Thais Bueno, 23, afirmou que o médico Denis César Barros Furtado, conhecido como "Doutor Bumbum", aplicou silicone industrial misturado a PMMA (polimetilmetacrilato) em seu glúteo e que terá de refazer o procedimento após a substância usada ter ficado acumulada em alguns pontos. Indiciado por homicídio doloso, ele teve a prisão temporária decretada após a morte no último domingo (15) da bancária Lilian Calixto, que realizou o mesmo procedimento que Thais.

A estudante relatou ao UOL ter sido atendida em uma madrugada de julho de 2017 em um imóvel residencial em Brasília, onde havia um cachorro e problemas de limpeza.

Thais disse que soube posteriormente, por meio de uma ex-funcionária de Denis, que o médico teria aplicado a mistura com silicone industrial. "Eu comprei PMMA [material utilizado para fazer preenchimentos faciais e corporais], mas ele coloca também silicone industrial", disse a estudante. "O produto ficou apenas onde ele colocou."

O PMMA é aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas indicado para situações pontuais e em pequenas quantidades. A Sociedade Brasileira de Cirurgia já havia feito um alerta em 2013 sobre os riscos da injeção do material que não deve ser aplicado nos glúteos.

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De acordo com a estudante, que hoje mora em Los Angeles (EUA), ela foi atendida em um imóvel residencial no Lago Sul, em Brasília, por volta de 1h. O procedimento, que custou R$ 14,5 mil, terminou às 3h30 e ela deixou o local dirigindo o próprio carro.

"Eles me falaram que eu seria atendida em um spa e fui atendida em uma casa. Eu cheguei lá e achei tudo muito estranho. Era uma casa muito empoeirada. Tinha até um cachorro. Saí de lá dirigindo e depois fiquei sabendo que jamais poderia fazer isso", contou. Apesar de ter estranhado, ela deu prosseguimento à intervenção porque estava entusiasmada com os resultados de pacientes exibidos nas redes sociais pelo médico.

O médico Denis César Barros Furtado está foragido da Justiça, que negou pedido de habeas corpus - Reprodução / Facebook - Reprodução / Facebook
O médico Denis César Barros Furtado está foragido da Justiça, que negou pedido de habeas corpus
Imagem: Reprodução / Facebook

A estudante disse que o local contava apenas com uma maca e que não tinha equipamentos específicos para realização de pequenas cirurgias.

Thais disse ainda que a equipe informou que o dinheiro pago no serviço não seria devolvido e que a recomendação foi realizar um novo procedimento --ideia rejeitada pela paciente, que ficou com medo. Ela optou por não processar o médico, mas revela agora sua experiência após a morte da bancária.

"Eu senti muita dor. Muita dor. Depois meu médico me falou que eu senti muita dor porque ele coloca com cano, que não é assim que faz, que na região do glúteo se faz com pistola."

Ela contou ainda que a namorada de Denis Furtavo estava no local e que desempenhou apenas a função de secretária. Renata Fernandes, 20, também teve a prisão decretada e foi transferida nesta quarta-feira (18) para uma unidade do presídio de Benfica, na zona norte carioca.

A ex-paciente disse também que, na ocasião, o médico atendeu uma canadense e que uma funcionária do médico revelou posteriormente que a mulher teve complicações e precisou fazer raspagem nos glúteos.

"Dr. Bumbum" nega uso de silicone industrial

Após ter sido preso nesta quinta-feira (19), Furtado negou acusação de que faria procedimentos utilizando silicone industrial. O médico disse que vai “requerer que façam perícia do glúteo” e que irá processar quem quer “apenas aparecer nos holofotes” e, segundo ele, está mentindo para prejudicá-lo.

“À senhora Thais que foi falar essas falácias e mentiras, silicone industrial não é de médico. Eu compro, com a Biossimetric, PMMA 30%. Eu compro cerca de 25 litros ao mês e não teria por que eu arriscar a minha carreira com isso”, disse.

A defesa do médico e de sua mãe, Maria de Fátima Barros, suspeita de participar do procedimento que envolveu Lilian Calixto, diz ser "precoce" responsabilizá-lo pela morte da bancária. "Destaco que o ordenamento jurídico pátrio estabelece que ninguém é considerado culpado antes da sentença penal condenatória e que qualquer conclusão acerca da morte de Lilian Calixo e a eventual responsabilidade do meu cliente sobre essa fatalidade é precoce", afirmou a advogada Naiara Baldanza, por meio de nota.