Prisão de opositor abre jornada de protestos na Venezuela
Um colaborador do principal opositor venezuelano, Henrique Capriles, foi preso pela inteligência militar, denunciaram partidos antichavistas, que, neste sábado (23), realizavam manifestações de protesto contra os superpoderes outorgados ao presidente Nicolás Maduro.
Alejandro Silva, coordenador de viagens de Capriles, foi retirado à força, "na madrugada deste sábado, de seu quarto em um hotel, por um grupo de homens, supostamente funcionários da Direção de Inteligência Militar", denunciou o partido Primero Justicia.
Silva permanecia detido na Direção de Inteligência Militar, revelou a advogada opositora e deputada do Parlamento Latino-Americano (Parlatino) Delsa Solórzano, acrescentando que ele passa bem.
Na noite de ontem, Maduro havia acusado dois membros da oposição, que não identificou, de tentar armar uma provocação nos protestos deste sábado e responsabilizar o governo.
Na Praça Venezuela, em Caracas, centenas de pessoas, a maioria jovens de classe média, reuniram-se ao meio-dia, atendendo a uma convocação da Mesa de Unidade Democrática (MUD) para se manifestarem contra os poderes para governar por decreto outorgados ao presidente.
Os protestos de hoje acontecem a duas semanas de eleições municipais consideradas cruciais, e em meio a uma inflação de 54% ao ano, à escassez pontual de alguns artigos, e à tensão no mercado paralelo do dólar, onde a moeda é negociada a um preço oito vezes mais alto do que no mercado oficial.
"Votei na primeira vez em Chávez, mas me arrependo. Querem que fiquemos como Cuba, não é justo. Levamos uma semana para encher a despensa, porque, quando não há papel, falta farinha ou açúcar", desabafa a assistente administrativa Morela Peña, 57, referindo-se à escassez de produtos básicos.
Enquanto os manifestantes continuavam chegando, os alto-falantes instalados pela oposição denunciavam o "sequestro" de Silva.
Ao contrário de outras ocasiões, o oficialismo não convocou manifestações paralelas às da oposição, mas Maduro lembrou aos venezuelanos que, neste fim de semana, continuarão os cortes de preços em lojas acusadas de "especulação", uma medida criticada pela oposição e por empresários.
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