O percentual de carros elétricos a bateria fabricados na América do Sul até 2029 será de apenas 3%, contra 8% na África, 9% na Índia, 35% nos EUA e 59% na Europa, revela estudo. A estimativa se baseia nos dados de planejamento de produção para esta década das próprias montadoras, e indica que as empresas que estão ficando para trás na corrida tecnológica no setor de transportes são as que mais fazem lobby para frear metas climáticas. O estudo foi publicado ontem (18) pelo think tank InfluenceMap, que analisa a influência corporativa sobre a política climática em nível global. As conclusões partiram de uma avaliação dos indicadores de produção das doze principais montadoras até 2029 reunidos pela consultoria IHS Markit. Esse desempenho foi comparado ao engajamento climático das empresas e ao cenário de 1,5°C indicado pela AIE (Agência Internacional de Energia). Segundo a AIE, o mundo só será capaz de alcançar a meta do Acordo de Paris de manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C se ao menos 60% dos novos carros vendidos globalmente até 2030 forem elétricos, com eliminação total de novos veículos a combustão até 2035. O estudo da InfluenceMap revela que ao mesmo tempo em que há uma relação direta entre a política local para induzir a eletrificação da frota e o planejamento das empresas para produzir veículos elétricos ou híbridos, as montadoras menos avançadas nessa tecnologia fazem lobby para atrasar a criação dessas leis. "As montadoras parecem estar planejando se concentrar na produção de motores de combustão interna [ICE] na América do Sul, com veículos ICE puros - nem mesmo híbridos", explica Ben Youriev, analista sênior da InfluenceMap. Uma razão-chave para isto é a existência de políticas climáticas significativamente menos rigorosas para o setor automotivo em toda a América do Sul, em comparação com regiões como a Índia Ben Youriev, analista sênior da InfluenceMap "Globalmente, esta pesquisa destaca como é crucial o papel da regulamentação climática para impulsionar o aumento da produção de veículos elétricos a bateria pelas montadoras", diz ele. Todas as doze empresas analisadas para esta pesquisa declararam publicamente seu apoio ao Acordo de Paris, mas oito delas pontuaram um 'D+' ou abaixo no sistema de medição A-to-F do InfluenceMap em relação ao compromisso com as metas do acordo. Segundo o estudo, essas montadoras se opuseram estrategicamente às políticas projetadas para regular e/ou eliminar progressivamente os veículos a combustão. A Toyota é a montadora com a menor pontuação. Tesla (B) é o único fabricante de automóveis considerado como amplamente favorável à política climática alinhada com Paris, representando o claro líder do setor. As três empresas restantes - Volkswagen (C), Ford (C-) e General Motors(C-) - mostram um engajamento climático ambíguo. O último relatório do IPCC é claro ao dizer que um rápido crescimento dos veículos elétricos a bateria é fundamental para atingir as metas globais de mudança climática. No entanto, esta pesquisa destaca como os principais fabricantes de automóveis continuam entre os maiores opositores da política climática global. Ben Youriev A eliminação progressiva dos motores a combustão também é essencial para proteger os seres humanos de mortes precoces, segundo a Organização Mundial da Saúde. A entidade estima que a poluição do ar por material particulado gerado principalmente pela queima de combustíveis fósseis é a maior causa de mortes evitáveis no mundo, respondendo por 7 milhões de vidas perdidas anualmente. PUBLICIDADE | | |