Com sua tradicional política de intervenção editorial, uma vez que o departamento de Jornalismo está submetido às decisões da Igreja Universal do Reino de Deus, a Record baixou uma norma "informal" na casa, mas que vale para todos os apresentadores e programas. É proibido fazer comentários ou "análises" sobre a recente "saída de armário" de Daniela Mercury, que assumiu estar casada com uma mulher, uma jornalista.

A emissora chegou a dar um registro em seu site e também no "Programa da Tarde", logo que a cantora fez a revelação, mas em seguida veio a informação "de cima" que era para os programas pararem de abordar o assunto, Normalmente um fato assim seria um prato cheio para o "Hoje em Dia", para Geraldo Luís ou mesmo o "Programa da Tarde" e o "Domingo Espetacular".

No entanto, a ordem é para esquecer o assunto. Não ficar levantando a bola do universo gay na emissora.

Outra figura que está absolutamente vetada e não deve ter espaço algum na emissora, segundo a ordem interna, é o pastor Feliciano e suas declarações --homofóbicas ou não. Nesse caso, o veto se deve ao fato de Feliciano ser de uma igreja rival (ou seria melhor chamar concorrente?) da Universal. Ele integra a Igreja do Avivamento, cujos integrantes e seguidores já foram duramente atacados por Edir Macedo na internet.

OUTRO LADO

 

Segundo a Direção de Comunicação da emissora, a Record nega qualquer veto e afirma que não há qualquer proibição sobre os temas Mercury e Feliciano.

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QUEM É LEGAL

"Uma História de Amor e Fúria"

A crítica de cinema nacional é engraçada. Quando surge maaais um filme brasileiro meia boca, repetitivo, que quase sempre aborda miséria, os nobres "especialistas" em cinema correm dar quatro ou cinco estrelinhas, quase sempre elogiando o "lirismo", a "linguagem" e até a "captação excelente de som ambiente". Já quando aparece uma animação de vanguarda, com uma linguagem totalmente inovadora e cheia de conteúdo, os elogios são amenos, quase forçados. Pois cometem graves enganos os que não perceberam a fabulosa qualidade de "Uma História de Amor e Fúria", animação com participação de Selton Mello e Camila Pitanga. Sem dúvida o melhor e mais relevante longa de animação já feito no país. Imperdível para todas as idades, por seu valioso conteúdo histórico. Uma animação que não deixa nada a dever às melhores já feitas.

QUEM IRRITA

Roberto Carlos

Não bastasse ter ido à Justiça para proibir a distribuição de uma biografia sua, bem chapa branca, aliás, o cantor agora quer impedir a venda do livro "Jovem Guarda: Moda, Música e Juventude", da escritora Maíra Zimmermann, que escreveu a obra para seu mestrado. Sem nem sequer ler --tudo indica-- o cantor notificou a autora pedindo que o livro seja retirado das lojas. Vejam bem: é um livro sobre cultura e comportamento de uma época que o país viveu, mas o "rei", como adora ser chamado, não quer que ele seja lido. Difícil entender o que se passa na cabeça de uma pessoa assim. Quem RC pensa que é? Dono de toda uma geração? Um ditador que se arroga o direito de dizer o que as demais pessoas podem ou não escrever ou saber? Essa atitude é típica do comportamento fascista, censor, prepotente. O que RC não quer que as pessoas saibam? Que ele tem uma perna mecânica porque perdeu a original num acidente ferroviário? Em vez de se preocupar em barrar obras de literatura, ele podia prestar um serviço muito maior à sociedade mostrando como uma pessoa que perdeu um membro tão importante --uma perna-- conseguiu vencer e se tornar o maior vendedor de discos do Brasil. Pior é saber que RC está cercado de pessoas inteligentes, cultas, modernas, como seu empresário Dodi Sirena. Não tem ninguém para dar um conselho ao "rei", que está se tornando um ditador?