Mundo reconhece protagonismo do Brasil no combate à Aids
Na Conferência Internacional de Aids, ocorrida recentemente na Austrália, o protagonismo do Brasil foi reconhecido, mais uma vez, por sua resposta à epidemia. Na conferência, praticamente todas as reivindicações apresentadas por organizações da sociedade civil, do mundo inteiro, já são realidade em nosso país. Por isso, soa estranho o artigo do ativista Rodrigo Pinheiro, publicado neste espaço.
O relatório citado no artigo, e que é atribuído à Organização Mundial de Saúde (OMS), na verdade é do Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/Aids (Unaids). O documento relata que o crescimento dos casos de HIV/AIDS registrados no Brasil é semelhante ao de países da Europa e EUA.
Nesses países, a epidemia é concentrada em populações específicas - como homens que fazem sexo com homens, gays, profissionais do sexo, travestis, transexuais e usuários de drogas - que apresentam uma prevalência muito mais elevada, se comparado à população em geral, concentrando o crescimento de casos novos.
Na conferência também foi divulgada pesquisa da revista científica “The Lancet”, na qual é ressaltado que as mortes em decorrência da Aids no Brasil caíram a uma taxa anual de 2,3% entre 2000 e 2013, percentual significativamente maior do que os 1,5% registrados globalmente. O artigo assinado pelo ativista, no entanto, não menciona este fato.
Na área de prevenção, o Brasil é o país que mais compra e distribui gratuitamente preservativos: 625 milhões de unidades, em 2013. Somos, também, um dos primeiros países do mundo a adotar todas as novas tecnologias de prevenção, como a recente ampliação do tratamento aos adultos com testes positivos de HIV, mesmo sem comprometimento do sistema imunológico.
Essa inovação, conhecida por “tratamento como prevenção”, foi elogiada pela OMS e pela Unaids, e já resultou em um aumento de cerca de 40% no número de pessoas que iniciaram o tratamento com antirretrovirais nos primeiros seis meses de 2014, comparando-se com o mesmo período de 2013.
Outro grande esforço realizado por todo o SUS é conseguir aumentar a testagem para o HIV. Na realização de testes, passamos de 28% da população sexualmente ativa (15 a 64 anos), em 2005, para 37%, em 2013. Além disso, estamos investindo, em parceria com organizações da sociedade civil, na ampliação do acesso ao teste nas populações mais vulneráveis, por meio de unidades móveis de testagem e pelo uso do teste oral.
O artigo também não reflete a verdade quando aponta uma suposta ausência de campanhas de esclarecimento, pois somos um dos poucos países, se não o único, a promover duas grandes campanhas informativas anuais - além do apoio prestado a dezenas de organizações da sociedade civil que realizam ações de informação e prevenção nas populações prioritárias.
Sabemos que ainda há desafios importantes no enfrentamento de uma doença com as características da Aids e estamos buscando, com base em evidências científicas sólidas e por meio de amplas parcerias, superá-los. Trabalhamos para garantir que o Brasil seja um dos primeiros a alcançar, num futuro próximo, a redução sustentada da transmissão do HIV. Reconhecer os avanços alcançados não significa ofuscar o que ainda precisa ser feito, mas garantir a consolidação de políticas e estratégias acertadas.
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