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03/08/2009 - 17h39

Simon pede saída de Sarney e é atacado por Renan e Collor; fim do recesso no Senado é marcado por bate-bocas

Claudia Andrade
Do UOL Notícias
Em Brasília
Ao rebater críticas do senador e colega de partido Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador gaúcho Pedro Simon fez referência a uma reunião que Renan teria tido com Collor (PTB-AL) para a formação de um novo partido, antes da campanha à Presidência da República vencida em 1989 pelo senador alagoano. A crise provocada pela série de denúncias de irregularidades envolvendo o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), fez do primeiro dia de trabalho após o recesso um desfile de ataques, críticas e acusações no plenário do Senado nesta segunda-feira. Sarney descartou renunciar.

"Vossa Excelência, como líder, é uma figura controvertida", disse Simon a Renan. "Foi lá na China e fez um acordo com o Collor. Na véspera do Collor ser cassado, vossa excelência largou o Collor. E lá pelas tantas apareceu de ministro do Fernando Henrique (Cardoso). E lá pelas tantas largou o Fernando Henrique. E agora é o homem de confiança absoluta do Lula", disse.

"O Collor esteve lá no Rio Grande do Sul me convidando para ser vice dele. Eu disse, 'Collor, você vai sair do PMDB que tem 20 e tantos governadores e vai fundar novo partido?'. Ele disse que tinha conversado com o Renan na China para ter um entendimento para novo partido. Eu fiquei", completou.

As declarações irritaram Fernando Collor - que deixou o partido para ingressar no PRN, pelo qual se candidatou à Presidência da República, em 1989. O senador disse que Simon "não foi testemunha" do que aconteceu na reunião e afirmou que sua candidatura surgiu de uma pesquisa que apontou a possibilidade de "ocupar um espaço (que estava) naquele momento, vazio". Collor disse para Simon "engolir e digerir como achar conveniente" suas palavras e ameaçou contar fatos "incômodos" para o peemedebista. Ele chamou Simon de "parlapatão".

Senado: discursos de Sarney e grampos

"Peço a vossa excelência que, por gentileza, evite pronunciar o meu nome nesta Casa. A próxima vez que eu tiver que pronunciar seu nome nesta Casa por alguma palavra mal posta nesta tribuna ou da poltrona, gostaria de narrar alguns fatos, alguns momentos talvez extremamente incômodos para sua excelência, mas que seriam de muito interesse para a população brasileira."

Simon pediu para o colega dizer o que queria, mas Collor disse que o faria "quando achar oportuno". "Peço apenas que respeite os seus colegas, dentre os quais eu me incluo", afirmou o alagoano.

Em discurso anterior no plenário do Senado, Simon voltou a defender que Sarney se afaste da presidência da Casa. Suas declarações foram contestadas por Renan, que é líder do PMDB na Casa, que questionou os motivos que levam Simon a pedir o afastamento.

"Por que é que Vossa Excelência quer que o presidente Sarney saia? É por causa do problema do neto do presidente? Antes, o senhor insistia que o presidente Sarney saísse candidato à presidência do Senado. No começo da crise, Vossa Excelência foi ao gabinete do presidente Sarney dizer que estava solidário a ele. O problema é que o senhor faz isso no particular", criticou Renan.

Sobrou também para o PT, cuja bancada divergiu em relação a um eventual afastamento de Sarney da presidência. "O senhor questionou a posição do PMDB em relação ao presidente Sarney. O PMDB já decidiu. O PMDB não é um partido que vai ter que se reunir sempre para debater a posição."

Simon iniciou seu discurso respondendo a uma questão que lhe foi colocada por jornalistas, minutos antes: qual o motivo da aparente "calmaria" no plenário, mesmo com a presença de Sarney presidindo a sessão, durante cerca de 1h30, nesta tarde. Neste período, Sarney ouviu discursos sobre uma encíclica de Bento 16, o escritor Euclides da Cunha e propostas para aposentados.

No discurso, Simon disse que, na verdade, o momento é de "muita tensão" no Senado. Para ele, a atuação do Conselho de Ética, que tem reunião marcada para esta semana para avaliar representações contra Sarney, será importante para definir a posição dos parlamentares em relação à crise.

"Até a reunião do Conselho de Ética é uma posição. Depois da reunião, é outra posição", disse Simon, para quem a posição do presidente do conselho, Pedro Duque (PMDB-RJ), é "absolutamente imprevisível". "Suas primeiras palavras não deixam imaginar a forma como irá falar; se será arquivamento, unificação dos processos, devolução."

Simon considera que uma iniciativa de Sarney pelo afastamento seria "um grande gesto" do presidente "um gesto que somará na sua biografia".

Ele também criticou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse que a crise do Senado não é dele.

"Ele diz que a questão do presidente Sarney é uma questão do Senado. Só pede que o PT não dê o tiro de misericórdia. Que expressão mais triste. Eu não estou pensando que o afastamento seja um tiro de misericórdia. Estou falando que a renúncia é um gesto de grandeza que pode realmente devolver a paz a esta Casa."

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