Se PT está reclamando é porque eu fiz a coisa certa, diz Bolsonaro sobre Moro na Justiça
Em entrevista para jornalistas na tarde desta quinta-feira (1º), o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), rebateu com ironia às críticas do PT em relação à nomeação do juiz federal Sergio Moro para o Ministério da Justiça. "Se eles [PT] estão reclamando é porque eu fiz a coisa certa", afirmou Bolsonaro.
Sergio Moro, que comanda as ações penais da Operação Lava Jato em Curitiba, aceitou o convite na manhã desta quinta, depois de se reunir por cerca de 1h30 com o presidente eleito e o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. Em seguida, Moro divulgou nota em que afirma que se sente honrado e que pretende, como ministro, "consolidar os avanços contra o crime e a corrupção".
Questionado durante a entrevista, Bolsonaro negou que tenha negociado com Moro uma futura indicação ao STF (Supremo Tribunal Federal).
"Eu acho ele realmente um soldado. Ele está indo à guerra sem medo de morrer", declarou.
Bolsonaro também relatou ter se comprometido com o combate à corrupção dentro do próprio governo. "Qualquer pessoa que aparecer nos noticiários policiais pode ser investigada e [a investigação] não sofrerá minha interferência", prometeu.
PT criticou 'parcialidade' do juiz da Lava Jato
Após Moro dizer que aceitava o convite, o PT afirmou que o magistrado é parcial e teve atuação política. “Parcialidade política bem recompensada”, apontou o partido em mensagem divulgada em seu perfil no Twitter.
Moro informou que deve "desde logo" se afastar de novas audiências da Lava Jato, para evitar o que chamou de "controvérsias desnecessárias". No ano passado, Moro condenou em primeira instância o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com a confirmação em segunda instância, o adversário político de Bolsonaro teve sua candidatura à Presidência barrada pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa. A defesa de Lula e PT criticaram em diversos momentos a celeridade da decisão.
Para o PT, a nova posição do juiz mostraria sua parcialidade. “Primeiro, Moro vazou ilegalmente um grampo de Dilma. Depois, prendeu o candidato adversário, Lula, vazou delação premiada fajuta para prejudicar Haddad às vésperas das eleições. E, agora, aceita ser "super"- ministro da Justiça de Bolsonaro”, traz a conta do partido na rede social.
O tuíte do PT faz referência à divulgação de conversa telefônica entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) em março de 2016. Além disso, menciona a prisão de Lula em abril deste ano em razão de sua condenação no processo do tríplex. O perfil do partido ainda cita a publicação de parte do acordo de delação do ex-ministro Antonio Palocci, que aconteceu a uma semana do primeiro turno.
À tarde, a direção do partido divulgou nota em que classifica Moro como "um dos mais destacados agentes do processo político e eleitoral", agindo "meticulosamente" para "destruir a esquerda, o Partido dos Trabalhadores e o governo que dirigia o país". Para a Comissão Executiva Nacional do PT, a nomeação de Moro "é mais um sinal de que o futuro governo pretende instalar um estado policial no Brasil".
A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, ironizou no Twitter. "O presidente em questão falou que Lula vai apodrecer na cadeia e quer exterminar os vermelhos. Viva juízes isentos como Moro e presidentes democráticos como Bolsonaro."
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