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Ebola: OMS prevê milhões de doses de vacina até final de 2015

24/10/2014 18h15

Milhões de doses de vacinas experimentais de ebola serão produzidas até o final de 2015, anunciou nesta sexta a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a organização, "diversas centenas de milhares" de doses começariam a ser produzidas na primeira metade do ano.

E as vacinas poderiam ser oferecidas ainda no final de 2014 a agentes de saúde na linha de frente no combate à epidemia no oeste da África.

Mas a OMS ressaltou que as vacinas não farão "mágica" no controle da doença.

Até o momento, não há cura comprovada ou vacina para o ebola.

Em geral, a produção e o teste de uma vacina costumam demorar anos, mas a urgência do caso leva farmacêuticas a trabalhar com uma escala de semanas.

Também nesta sexta, o governo do Mali confirmou o primeiro caso de ebola no país.

A infecção foi identificada em uma menina de dois anos, que havia retornado recentemente da vizinha Guiné (um dos países mais afetados pela doença).

E o médico Craig Spencer, morador de Nova York, também infectado na Guiné, está sendo tratado em um hospital americano. Ele começou a sentir os sintomas na quinta-feira, dias após ter retornado da África para os EUA.

Dose correta

Duas vacinas experimentais, produzidas pela GlaxoSmithKline (GSK) e pela Agência de Saúde Pública do Canadá, já estão em testes, no Mali, nos EUA e no Reino Unido.

Os resultados são esperados para dezembro. Depois, os testes serão realizados nos países afetados diretamente pelo ebola, provavelmente começando pela Libéria.

Essa fase permitirá aos pesquisadores avaliar a eficácia da vacina e a dose correta.

Agentes de saúde, que se colocam em risco durante o tratamento de pacientes, farão parte dos testes na África Ocidental.

A OMS diz que, até abril, haverá pistas sobre a eficácia das vacinas experimentais.

Não há planos de vacinação em massa antes de junho de 2015, mas a OMS diz que essa opção não está descartada.

A organização aposta na vacina como um ponto-chave para pôr fim à epidemia, mesmo que o número de novos casos caia nos próximos meses.

"Ainda que esperemos que a ampla resposta em curso tenha um impacto sobre a epidemia, é prudente prepararmos o máximo de vacina possível se ela se provar eficiente", disse Marie Paule Kieny, diretora-geral assistente da OMS.

"Se o esforço massivo não for suficiente, a vacina será uma arma muito importante. E mesmo que a epidemia retroceda quando a vacina estiver disponível, esta ainda terá um impacto no controle da epidemia."

Debates

O plano envolvendo a vacina foi anunciado após um dia de discussões na sede da OMS, em Genebra.

Além das duas vacinas já em teste, há outras cinco em desenvolvimento que podem ter um papel no controle da epidemia.

O Banco Mundial e a ONG Médicos Sem Fronteiras ajudarão a financiar as pesquisas.

"A principal notícia (após o dia de discussões) é que dinheiro não é um problema. Todos estão apoiando, e a questão é estarmos preparados (contra a doença). O método-padrão de controle saúde pública será vitorioso, mas a vacina pode ter um forte impacto na atual epidemia", disse Marta Tufet, da ONG Wellcome Trust, que participou do encontro em Genebra.

Mas até que se confirme a existência de uma vacina capaz de impedir o avanço do vírus, o tratamento e o isolamento de pacientes continuará sendo a principal estratégia em curso.