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Cuidados ao posicionar a criança evitam assimetrias na cabeça do bebê

Tatiana Pronin

Do UOL Ciência e Saúde, em São Paulo

15/12/2011 07h00

Quem tem filhos já deve ter ouvido a orientação do pediatra para que o bebê durma de barriga para cima, a fim de evitar a chamada morte súbita infantil. O conselho é importante e não deve ser ignorado, mas pode causar assimetrias na cabeça da criança.

Os médicos chamam o problema de plagiocefalia posicional (a palavra, de origem grega, significa cabeça oblíqua). Passar muito tempo com a cabeça apoiada também pode causar a chamada braquicefalia (aregião posterior da cabeça é chata ao invés de arredondada).

Muitos pais percebem que o filho tem a cabecinha torta e não se preocupam por achar que, depois, quando o cabelo crescer, a deformidade desaparece. Em boa parte dos casos, isso acontece mesmo. Mas existem estudos que associam as assimetrias cranianas a problemas futuros de mastigação e visão. Sem contar que a questão estética pode trazer algum impacto para a criança.

Estatísicas americanas indicam que quase 20% dos bebês apresentam algum grau de assimetria no crânio no quarto mês de vida. Vale ressaltar que uma parte dessas crianças já nasce com o problema, pela posição em que ficou encaixada na pelve da mãe ou por causa de partos prolongados. Ou adquirem a deformidade mais tarde, por causa do torcicolo congênito (a criança tem a preferência de girar a cabeça para um dos lados) ou pelo hábito dos pais e cuidadores de colocarem o bebê sempre deitado na mesma posição.

Prevenção

Segundo o médico Gerd Schreen, que especializou-se no assunto após ter enfrentado o problema com a filha, a recomendação de manter a criança de barriga para cima é legítima e deve ser seguida. Mas é possível adotar medidas para evitar assimetrias e até reverter os casos mais leves.

“Deve-se atentar para alternar o local de apoio (um pouco para a direita, depois um pouco para a esquerda). Deve-se evitar também o uso exagerado do bebê conforto, onde geralmente, por conveniência, as crianças são deixadas por horas a fio. Por fim, quando a criança estiver acordada e sob supervisão, deve-se estimular que ela fique de barriga para baixo, procurando levantar a cabeça, excelente exercício para a musculatura posterior do pescoço”, recomenda.

Tratamento

O médico explica que a maioria das assimetrias regride apenas com o reposicionamento e, eventualmente, com tratamento fisioterápico. A reversão ocorre principalmente quando o problema é diagnosticado a tempo, quando a cabecinha do bebê ainda pode ser “moldada”.

  • O capacete para corrigir a assimetria na cabecinha do bebê deve ser usado por três ou quatro meses

Quando não houver melhora, existe a possibilidade de tratar a assimetria com uma órtese craniana, uma espécie de capacete que Schreen importa para os pacientes. O artefato deve ser usado 23 horas por dia, durante três ou quatro meses. O médico garante que não causa dor ou incômodo.

“Nos primeiros dias é comum a criança suar mais na cabeça, mas após alguns dias o corpo se adapta”, afirma. Foi exatamente o que aconteceu com Felipe, de 1 ano. “Hoje ele sua muito pouco, mas a gente segue a recomendação de deixa-lo mais fresquinho”, conta a mãe do garoto, Jaqueline Simões.  

O difícil para os pais que optam pela órtese é enfrentar os olhares estranhos. “Algumas pessoas reagem muito mal e acham que é algum tipo de deficiência”, relata a mãe de Felipe. “Mas a melhora que o tratamento proporciona é nítida e compensa”, continua.