Chá pode potencializar ou anular efeito de remédios, dizem especialistas
Muitas pessoas utilizam o chá para tratar dor de barriga, dor de cabeça, tosse e outras mazelas. Há quem prefira e ache menos agressivo ingerir a bebida do que tomar um medicamento. Outras pessoas preferem combinar as duas coisas, pois acreditam que assim ficarão boas de forma mais rápida. Mas não é bem assim. O chá e as infusões em geral podem interagir com os remédios, potencializando ou anulando suas ações e podendo até prejudicar o tratamento.
Segundo do clínico-geral e presidente da Associação Brasileira de Fitoterapia, Alexandro Botsaris, tudo tem contra indicação, inclusive a água. Por isso, antes de se tomar um chá ou uma infusão, é preciso saber quais princípios ativos eles carregam, para, então, saber se há ou não problema em ingeri-lo sozinho ou junto com um medicamento.
"Um medicamento como a sibutramina, usado para emagrecer, interage forte com a cafeína, presente nos chás [proveniente da planta Camellia sinensis]. Se você combinar os dois, usando em grande quantidade, você pode ter uma crise hipertensiva. Ou se você está tomando algo para arritmia, a cafeína falha o remédio, e a pessoa volta a ter o sintoma", alerta Botsaris.
Mas, dependendo da doença e para alguns problemas simples de saúde, como uma cólica, o chá pode sim substituir o remédio.
A coordenadora da comissão assessora de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, Caroly Cardoso, também ressalta que a procedência das ervas faz diferença.
"Em um transtorno menor, como uma má digestão, a pessoa pode e deve usar um chá, desde que ele tenha uma boa procedência e não esteja contaminado. É importante que a pessoa compre a planta de um local que faça um controle de qualidade", diz.
Botsaris explica que em caso de tratamentos a bebida deve ser feita com uma quantidade maior de chá. "Tem que usar, em média, três vezes mais do que aquele pacotinho de dois gramas que tem em supermercado".
A dosagem da bebida também deve ser observada para as diferentes faixas etárias, já que o peso de cada um interfere diretamente na quantidade.
"Você faz uma conta que a quantidade de chá ou de princípios ativos que ficam circulando dentro do organismo é inversamente proporcional à massa corporal. Quando diminui a massa corporal, a concentração dos ativos aumenta no sangue. Então, aquilo que você dá para um adulto beber, uma criança de um ano e pouco não pode", explica o médico.
Ou seja, mesmo sendo natural, o chá pode causar reações adversas nos pequenos. "A dose de cafeína do chá verde para um adulto é pequena, mas para uma criança não. Ela pode ficar agitada, ter taquicardia, ter um mal estar", exemplifica Botsaris.
Cardoso também aponta o guaco, muito utilizado para quem tem tosse, como algo a ser evitado em crianças com menos de dois anos, já que a planta tem um princípio chamado cumarina que pode desenvolver alergias.
Mas o chá não deve ser consumido só quando algum sintoma aparecer. A bebida também pode ser usada como forma de prevenção de algumas doenças.
"Alguns chás são diuréticos, então eliminam o sal do corpo. Se a pessoa toma a bebida regularmente, ela pode estar retardando o aparecimento de uma pressão alta, se ela tem tendência a isso", exemplifica o clínico.
"UBS amiga do chá"
A Prefeitura de São Paulo também indica o uso de chá, por meio do "Programa Ambientes Verdes e Saudáveis", implantado em 2005.
Em algumas UBS (Unidade Básica de Saúde), como a da Vila Dalva, na zona oeste da capital paulista, hortas são cultivadas com a ajuda de pessoas da comunidade.
A da Vila Dalva existe de desde 2012 e é gerenciada pelo farmacêutico Eli Anderson Dias. Ele conta que toda sexta-feira, das 9h às 12h, os responsáveis da UBS e cerca de 10 pessoas do bairro se reúnem para cuidar do espaço. O grupo também pode escolher uma planta para então ter aulas sobre seu uso e cultivo.
O fornecimento dos chás para a população é controlado e sempre acompanhado de orientações.
"A gente faz uma primeira orientação, explica como faz o chá, verifica se ele pode ser usado com o medicamento que o paciente está tomando, pois percebemos que a grande maioria dos remédios prescritos pelo posto interage com as plantas medicinais. Então essa orientação é importante", explica Dias.
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