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Estímulo sexual em meninas começa aos seis anos

MIrthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

07/03/2015 06h00

O estímulo sexual surge ainda na primeira infância, quando a menina tem entre cinco e seis anos. "Ela começa a se explorar e é frequente, ainda nos dias de hoje, os pais dizerem 'não faça isso, não mexa ai". Essa conduta pode fazer com que a menina tenha dificuldades na vida sexual", afirma Caio Parente Barbosa, ginecologista especialista em Saúde Sexual e Reprodutiva.

Para Maria Elisa Noriler, coordenadora do ambulatório de Ginecologia Endócrina do Hospital Municipal Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo, é preciso haver estrutura familiar para que a menina não sinta que essa sensação é proibida. "A mãe ou o pai precisa falar que essa 'coceirinha' pode machucar se ela mexer errado. É importante ensinar à menina que quando sentir a tal 'coceirinha', que vá ao banheiro, para que ela aprenda a ter autocontrole, saiba que pode se tocar, mas não em qualquer lugar", explica Maria Elisa.

"O orgasmo feminino só ocorre na espécie humana. Isso não aconteceu à toa, é um dos componentes importantes da vida", afirma o ginecologista Caio Parente Barbosa. Mesmo assim, apesar de privilegiadas no reino animal e mesmo com todos os benefícios para o seu bem-estar, as mulheres ainda "travam" quando o assunto é masturbação. “Existe muito tabu em assuntos sexuais na sociedade em geral. Há muitas mulheres que acham feio, moralmente e religiosamente errado”, comenta a radialista Rafaela*, 27, que se masturba com frequência. 

Segundo a pesquisa Mosaico Brasil, realizada pelo Prosex (Programa de Estudos em Sexualidade) da USP (Universidade de São Paulo), divulgada em 2008 - a mais recente feita sobre a temática -, cerca de 40% das mulheres brasileiras nunca haviam se masturbado. "A pesquisa foi feita com 8.000 pessoas, entre homens e mulheres. Entre os homens, essa porcentagem foi algo em torno de 3% ou 4%", conta a psiquiatra e coordenadora do estudo, Carmita Abdo, coordenadora do Prosex.

Rafaela conta que hoje tem um bom conhecimento sobre o seu corpo porque os pais nunca a reprimiram. "Mas isso não é comum. Tem muito tabu na sociedade quando se trata de assuntos sexuais. Acho que todos deveriam ser mais esclarecidos em relação ao tema -- só traz benefícios", conclui.

A repressão social pode fazer com que as mulheres desenvolvam vaginismo, uma condição psicológica que faz a musculatura do períneo contrair de tal maneira que não permite a penetração do pênis ou objetos sexuais. "Orientamos mulheres que têm vaginismo a se masturbarem. No geral, essas mulheres foram 'castradas', reprimidas sexualmente durante a adolescência e, em casos mais extremos, até abusadas sexualmente", diz Maria Elisa Noriler.