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Apenas repelente não é suficiente para evitar picada de mosquito do zika

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Imagem: Getty Images

Janaina Garcia

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/12/2015 06h00

A principal orientação do Ministério da Saúde para evitar o contágio pelo zika vírus, transmitido pelo Aedes Aegypti, é o uso tópico do repelente industrial. O produto, no entanto, não é 100% eficaz e deve ser utilizado ao lado de outras medidas preventivas, segundo especialistas de diferentes áreas médicas consultados pelo UOL.

Coordenador dos testes pela vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan, o professor de imunologia e alergia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) Esper Kallas é taxativo: o repelente industrial é o meio de combate mais adequado ao mosquito, mas não faz ‘milagres’.

De acordo com o pesquisador, produtos anti-insetos como os repelentes de tomada também auxiliam, mas têm a mesma eficácia, por exemplo, de ações caseiras de efeito passageiro como velas ou essências de citronela. “São medidas que ajudam, mas não eliminam o risco da picada”.

O ideal é adotar um conjunto de medidas, iniciado pela erradicação de focos de criadouro do mosquito em sua casa. Roupas compridas, mosquiteiro em berços e até tela nas janelas podem ajudar. (Veja medidas de prevenção)

Só alguns repelentes são eficientes contra o Aedes, diz infectologista

Coordenadora da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da Unifesp, a infectologista Nancy Bellei aponta que nem todos os repelentes industriais espantam o mosquito Aedes Aegypti.

“Os repelentes naturais agem por cerca de 20 minutos e evaporam; os repelentes industriais têm duração um pouco maior, mas apenas aqueles à base de icaridina ou picaridina funcionam realmente contra o Aedes”. Os demais repelentes industriais, explicou a infectologista, ou são facilmente resistidos pelo organismo, ou têm concentrações muito baixas dos produtos ativos permitidos no Brasil.

Anvisa lista produtos registrados

A Anvisa (Agência Nacional de Saúde) registra repelentes com três princípios ativos diferentes, o DEET (n,n-Dietil-meta-toluamida), o IR3535 e a Icaridina. A agência alerta que cada repelente tem duração e indicação diferente em relação ao número máximo de vezes que pode ser usado sem prejuízo, sobretudo no caso de grávidas e crianças. 

Gestantes do primeiro ao terceiro mês de gravidez, por exemplo, podem usar com segurança repelentes à base de DEET – não recomendados, por outro lado, para uso em crianças menores de 2 anos.

Em crianças entre 2 e 12 anos, explica a agência, a concentração dever ser no máximo 10%, e a aplicação, ser restrita a três vezes ao dia. Concentrações da substância acima desse percentual são permitidas para maiores de 12 anos. Os produtos à base de DEET duram, em média, até quatro horas no corpo.

Produtos feitos com as substâncias repelentes Icaridina ou picaridina, como o Exposis, têm duração prolongada: até dez horas. Repelentes com EBAAP ou IR3535 têm duração de até quatro horas.

O registro dos produtos pode ser consultado no site da Anvisa, que disponibiliza também a lista de produtos cosméticos registrados 

Pressão popular para mais pesquisas científicas

Para Kallas, o alarde em torno da existência de outro vírus transmitido pelo mesmo inseto pode ter efeito didático na população – especialmente na busca por voluntários às pesquisas científicas que desenvolvem vacinas e remédios para as doenças. 

“É importante esse engajamento da sociedade - a situação está difícil demais para a gente ainda achar que o chá da vovó tem a resposta para as doenças, quando, na realidade, isso deve ser buscado por meio de respostas científicas”, declarou.