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Casal se inspira em índios e cria repelente natural aprovado pela Anvisa

O casal Djalma Marques e Fátima Fonseca criou um repelente à base de plantas, que foi aprovado pela Anvisa - Divulgação
O casal Djalma Marques e Fátima Fonseca criou um repelente à base de plantas, que foi aprovado pela Anvisa Imagem: Divulgação

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

24/01/2016 06h00

A vida harmônica dos índios com os mosquitos na selva serviu de inspiração para um casal de pesquisadores pernambucanos, que desenvolveram um repelente natural contra o temido mosquito Aedes aegypti. O produto recebeu, em 2015, a autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como protetor eficiente e já está próximo de chegar a prateleiras de redes farmacêuticas.

O produto usa plantas como alecrim, cravo, citronela e andiroba e é fruto de pesquisa do dermatologista Djalma Marques e da engenheira química Fátima Fonseca. Naturalista, Marques conta que, quando voltou ao Recife, em 2005, foram morar em uma região cercada por natureza, e começaram a enfrentar problemas.

“Sentimos a necessidade da pesquisa pois vivíamos em área de muito mosquito, muita muriçoca. Os guris andavam dentro do mato e voltavam sempre picados. Como a gente não usa produto químico sintético, começou a tentar uma forma de fazer uma proteção natural testando uns óleos”, afirma.

Repelente - Divulgação - Divulgação
Repelente à base de plantas foi criado após convívio com índios
Imagem: Divulgação

Os dois criaram então uma empresa para pesquisar produtos naturais sem uso de nada sintético. Quatro anos depois de pesquisas informais, veio então o passo fundamental para a criação do repelente Biorepely: o financiamento do projeto pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

Ajuda dos índios

O dermatologista relata que para chegar à fórmula do repelente contou com informações de índios que viviam à margem de rios e conviviam harmonicamente com os mosquitos.

Fomos buscar com os índios o que tinham para viver lá, e, para nossa surpresa, soubemos que eles usam vários tipos de óleos. Perguntamos como eles aprenderam, e disseram que viam os próprios animais utilizar, pois roçam suas peles em árvores que têm óleo

Djalma Marques, dermatologista

Em paralelo, o casal pesquisou quais eram os microrganismos existentes na pele das pessoas que vivem no Brasil. Da pesquisa até a aprovação da Anvisa como repelente contra o mosquito Aedes aegypti foram seis anos, até o ano passado.

"O repelente tem eficácia de duração de quatro horas. Um dos grandes segredos é que ele é um hidratante da pele. A pessoa pode usar quantas vezes quiser”, afirma.

Grande procura

No final de 2015, com o surgimento das informações da microcefalia causada pelo zika vírus, os pedidos explodiram, e a empresa dos pesquisadores não deu conta: os 2.000 que existiam em estoque foram vendidos. O produto custa, na internet, cerca de R$ 40.

O professor explica que, assim que tiverem matéria-prima, a produção será feita em grande escala. “Já tem rede de farmácia do Sul procurando."