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Batimento elétrico: cientistas fazem coração virar 'bateria' de implantes

Ilustração do dispositivo criado por engenheiros do Dartmouth College para capturar energia do coração - Divulgação/Dartmouth College
Ilustração do dispositivo criado por engenheiros do Dartmouth College para capturar energia do coração Imagem: Divulgação/Dartmouth College

Helton Simões Gomes

Do UOL, em São Paulo

04/02/2019 13h49

Um grupo de cientistas quer resolver um problema enfrentado por quem tem de implantar aparelhos, como marcapassos ou desfibriladores. Apesar de serem cruciais para que esses indivíduos continuem vivendo, essas máquinas devem ter as baterias trocadas de tempos em tempos em uma cirurgia que pode ser cara ou expor os pacientes a infecções e complicações.

A solução proposta por engenheiros do Dartmouth College e médicos da Universidade do Texas é, não só acabar com a necessidade de bisturis e anestesias, mas usar o coração para algo além de bombear sangue: eles querem usar a energia produzida pelo órgão para alimentar esses dispositivos.

A tecnologia foi desenvolvida pelo grupo durante três anos. Os resultados foram publicados na revista Advanced Material Technologies.

Os cientistas modificaram marcapassos para conseguirem converter a energia cinética produzida pelo coração em eletricidade. Eles adicionaram um sensor feito de um polímero que, além de transformar os movimentos do órgão em energia, também consegue coletar dados para monitorar os pacientes em tempo real. A tecnologia, no entanto, não se restringe a marcapassos.

Estamos tentando resolver o problema final de qualquer dispositivo biomédico implantável

John XJ Zhang, professor de engenharia do Dartmouth College.

Ele conta que a ideia era responder à pergunta: "Como você cria uma fonte de energia efetiva para que o dispositivo faça seu trabalho durante toda a vida útil do paciente, sem a necessidade de cirurgia para substituir a bateria?"

O resultado foi a invenção criada pela equipe liderada por Zhang que tem o tamanho de uma moeda de dez centavos de dólar.

Sabíamos que tinha que ser biocompatível, leve, flexível e discreto, por isso não apenas se encaixa na estrutura atual do marca-passo, mas também é escalável para a futura multifuncionalidade

Lin Dong, do Dartmouth College

O trabalho é financiado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Zhang diz que a primeira rodada de testes com animais foi concluída com sucesso.

Os cientistas já estão analisando como aplicar um modelo de negócio à tecnologia para tornar o projeto viável para além das portas do laboratório. Dada à velocidade do desenvolvimento, Zhang prevê que um marcapasso que não necessite de bateria deve chegar ao mercado dentro de cinco anos.

Já existe muito interesse expresso das principais empresas de tecnologia médica