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Fukushima tem 'incidente grave' com fuga de água radioativa

21/08/2013 12h33

TõQUIO, 21 Ago 2013 (AFP) - A autoridade de regulação nuclear do Japão classificou nesta quarta-feira no "nível 3", que corresponde a um "incidente grave" na escala internacional de eventos nucleares (Ines), um vazamento de 300 toneladas de água altamente radioativa ocorrido nos últimos dias na central de Fukushima.

Parte dela pode ser vazado ao oceano Pacífico, admitiu a companhia Tokyo Electric Power (Tepco).

"Existe uma possibilidade de que a água contaminada, a terra e a areia (...) tenham chegado ao mar. Vamos fazer uma análise exaustiva da situação", indicou a empresa.

A classificação no nível 3 de uma escala de 0 a 7 corresponde a uma "contaminação importante em uma zona onde não deveria ocorrer", causada pelo "vazamento de grande quantidade de matéria radioativa no interior da instalação" e com "uma exposição que supera 10 vezes o limite anual para os trabalhadores".

A radioatividade medida a 50 cm acima das poças de água contaminada era de 100 milesieverts por hora, segundo a companhia gerente da Tepco.

Um trabalhador exposto a este nível acumularia em uma hora a dose máxima autorizada atualmente em cinco anos no Japão para os trabalhadores do setor nuclear, admite a Tepco.

No entanto, antes de se pronunciar definitivamente, a autoridade decidiu em uma reunião na manhã desta quarta-feira solicitar a opinião sobre a pertinência desta classificação à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

"As autoridades japonesas nos informam da situação na central e os especialistas da Agência seguem de perto a situação", indicou em Viena Gill Tudor, porta-voz da AIEA.

O acidente de Fukushima de 11 de março de 2011 segue classificado em seu conjunto no nível 7, o mais alto, que corresponde a "efeitos consideráveis para a saúde e o meio ambiente".

Há vários dias, quase 300 toneladas de água radioativa vazaram de um tanque de armazenamento - dos mil que existem nestas instalações nucleares - e se estenderam à superfície e ao solo da central nuclear.

A Tepco também está tentando recuperar a água derramada no solo e em parte infiltrada.

Um litro desta água contém 80 milhões de becquerels de estrôncio e outros elementos radioativos que desprendem raios beta.

Este vazamento é mais um incidente na longa lista de graves problemas ocorridos desde que a central foi considerada estabilizada, ou seja, desde dezembro de 2011, quando os reatores foram declarados "em estado de parada fria".

Desde então, a Tepco não para de lutar contra diversos problemas causados em parte pela urgência com a qual são tratados.

Tanto a Tepco quanto o governo japonês reconhecem: o maior problema é o que fazer com estes milhares de litros de água contaminada que devem ser armazenados, à espera de ser descontaminados, caso isso seja possível.

"Algo muito preocupante aconteceu", afirmou o presidente da Autoridade Nuclear do Japão, Shunichi Tanaka, que teme o risco potencial dos mil depósitos que foram instalados rapidamente na central depois do incidente e que estão à mercê de qualquer outra catástrofe natural.

A água que contêm deve supostamente estar submetida a um sistema de descontaminação, mas "infelizmente, no momento, ele está em reparo", admitiu a Tepco, que indicou nesta quarta-feira que estava controlando outros 350 depósitos do mesmo tipo.

A Tepco também reconheceu recentemente que há meses eram lançadas ao oceano 300 toneladas de água igualmente contaminada, que inundou o subsolo entre o local onde se encontravam os reatores e o oceano Pacífico.