Encontram caixas-pretas do avião acidentado na Índia
Kozhikode, Índia, 8 Ago 2020 (AFP) - Agentes indianos encontraram neste sábado (8) as caixas-pretas do avião com mais de 190 pessoas a bordo que caiu na sexta-feira em um barranco após sair da pista em um perigoso aeroporto no sul da Índia, deixando pelo menos 18 mortos e mais de 120 feridos, incluindo 22 gravemente.
O ministro da Aviação Civil, Singh Puri, pediu neste sábado que se evitem especulações sobre o acidente, depois do surgimento de críticas pelas condições potencialmente perigosas no aeroporto de Kozhikode, no estádio indiano de Kerala.
O ministro reconheceu que as autoridades da aviação civil haviam "assinalado de maneira rotineira" problemas relacionados à pista usada pelo avião acidentado, mas que a empresa que gere o aeroporto "se encarregou" de solucionar os problemas.
"Peço a todos que tenham paciência e que se abstenham de fazer observações especulativas que beirem a irresponsabilidade", tuitou.
O ministro, que visitou no sábado o lugar do acidente, anunciou que as caixas-pretas do avião foram localizadas, o que ajudará a esclarecer os motivos do acidente.
Também garantiu que as autoridades abrirão uma investigação sobre o ocorrido.
O Boeing 737, com 191 pessoas, entre passageiros e tripulantes, fazia o trajeto entre Dubai e a cidade de Calicute, no estado indiano de Kerala.
Renjith Panangad, um passageiro de 34 anos, contou que o avião tocou a pista e então tudo ficou "branco".
"Depois do acidente, a porta de emergência se abriu e eu rastejei para fora de alguma forma", disse à AFP do leito de um hospital em Calicute.
Entre os mortos estão os dois pilotos da aeronave e quatro crianças.
O aeroporto de Calicute é considerado perigoso, pois a pista termina em um declive acentuado.
- 'Partido em dois' -A mídia indiana, com base em dados de um site de rastreamento de aeronaves, afirmou que o avião acidentado aparentemente tentou pousar duas vezes e caiu na terceira tentativa em meio a condições climáticas difíceis.
A aeronave partiu em dois.
Motoristas de táxi e comerciantes locais juntaram-se ao pessoal de resgate do aeroporto para ajudar a libertar as pessoas presas na fuselagem no escuro e na chuva.
Várias pessoas a bordo tiveram que ser resgatadas com equipamentos especiais.
Foram necessárias três horas para liberar todos os feridos e os corpos, disseram as autoridades.
"Os moradores correram para o local depois que ouviram o estrondo", contou um socorrista. "As pessoas vieram de carro, trocaram mensagens via WhatsApp (...) sobre o que precisávamos".
"Primeiro as pessoas levaram os feridos para o hospital em seus carros. Depois, os serviços de emergência assumiram a situação", acrescentou.
- Indianos repatriados -Como dezenas de outros aviões nas últimas semanas, a aeronave acidentada repatriava indianos bloqueados no exterior pela pandemia de coronavírus, especialmente dos países do Golfo.
O ministro da Saúde de Kerala, K.K. Shailaja, pediu a todos os envolvidos no resgate que se isolassem devido ao risco de contrair o coronavírus dos passageiros.
Quinze passageiros estavam voltando após perderem o emprego, 12 devido a emergências médicas e dois para se casar, segundo a documentação do voo.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, expressou suas condolências no Twitter.
"Tenho presente em meus pensamento aqueles que perderam entes queridos", disse ele.
O primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, disse estar triste com a "perda de vidas inocentes".
Em junho, um voo da Pakistan International Airlines caiu em um bairro de Karachi, matando as 97 pessoas a bordo.
O último grande acidente aéreo na Índia ocorreu em 2010, quando um Boeing 737-800 da Air India Express, voando de Dubai para Mangalore, saiu da pista e explodiu, causando 158 mortes. Oito pessoas sobreviveram.
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