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Dólar abre em alta após ata do Copom

29/01/2015 10h00

São Paulo - Os mercados domésticos abriram o pregão desta quinta-feira, 29, ainda absorvendo a ata da primeira reunião de política monetária de 2015, realizada na semana passada, quando a Selic subiu para 12,25% ao ano. No documento, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve em aberto o seu próximo passo, ao afirmar que o cenário contempla convergência da inflação para o centro da meta em 2016, mas os avanços alcançados no combate à inflação ainda são insuficientes. Por ora, predomina um ligeiro viés de baixa nos juros futuros, principalmente nos vértices mais curtos, ao passo que o dólar exibe um viés de alta, diante do otimismo demonstrado ontem pelo Federal Reserve sobre a recuperação da economia dos Estados Unidos. Ainda assim, fatores técnicos e a atratividade do juro básico doméstico aos olhos do capital especulativo tendem a trazer volatilidade aos negócios locais.

Às 9h30, no mercado de balcão, o dólar à vista subia 1,01%, a R$ 2,6010, na máxima, depois de abrir em alta de 0,70%, a R$ 2,5930. No mercado futuro, o dólar para fevereiro subia 0,87%, a R$ 2,6020, após uma abertura em alta de 0,45%, a R$ 2,5905. É válido lembrar que o tradicional leilão de swap cambial, com a oferta de até 2 mil contratos, divididos em dois vencimentos, e a proximidade da formação da taxa Ptax do mês aguçam o vaivém no mercado cambial doméstico.

O Banco Central afirmou, na ata divulgada hoje, que segue avaliando que o ajuste de preços relativos tornou o risco de inflação menos favorável, mas ponderou que os preços tendem a seguir elevados neste ano, quando deve entrar em longo período de declínio. O Copom avalia que o cenário de convergência de inflação para a meta em 2016 tem se fortalecido.

Ainda assim, o Comitê observa que os avanços alcançados no combate à inflação ainda não se mostram suficientes. Tanto no cenário de referência quanto no de mercado, a projeção para o IPCA neste ano subiu e seguiu acima da meta de 4,5%. Para 2016, a expectativa seguiu relativamente estável, em ambos os cenários. A taxa de câmbio considerada no cenário do BC passou de R$ 2,55 para R$ 2,65.

Além da ata do Copom, a agenda econômica doméstica trouxe uma rodada intensa nesta manhã, em termos de indicadores econômicos. Desde as 8 horas até as 9h30, o mercado financeiro recebeu a informação de que o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) subiu 0,76% em janeiro, ante taxa de 0,62% em dezembro, ficando perto do teto das estimativas coletadas pelo AE Projeções, que iam de 0,52% a 0,77%. Já a taxa de desemprego no País encerrou dezembro em 4,3%, de 4,8% em novembro. Na média, a taxa de desemprego das seis regiões metropolitanas do País ficou em 4,8% ao longo de 2014. Ambos os resultados ficaram no piso do intervalo das previsões.

Por sua vez, o resultado primário do governo central foi positivo em R$ 1,039 bilhão em dezembro, dentro das expectativas, que iam desde déficit de R$ 3,580 bilhões a superávit de R$ 10,500 bilhões, mas abaixo da mediana, positiva em R$ 2,55 bilhões. No acumulado de 2014, o déficit primário nas contas públicas do Tesouro Nacional, BC e Previdência Social foi de R$ 17,242 bilhões, no primeiro resultado negativo no acumulado do ano desde o início da série história. As previsões eram de déficit entre R$ 9 bilhões e R$ 21,5 bilhões, com mediana negativa em R$ 15,7 bilhões. A agenda econômica doméstica traz ainda como destaque a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) e, há pouco, o Ministério da Fazenda informou que não haverá voto no encontro, que será apenas de apresentação.

No exterior, os investidores ainda tentam absorver quão "paciente" será o Federal Reserve até que tenha início o processo de elevação dos juros nos Estados Unidos. A hipótese de que a autoridade monetária será mais cautelosa não se confirmou, ao reafirmar ontem um discurso confiante sobre a recuperação da economia norte-americana.

A retirada da ideia de que os Fed Funds seguirão perto de zero ainda "por tempo considerável" e a manutenção do termo "paciente", colocado no documento na reunião de dezembro, abrem espaço para um aumento das taxas a partir de junho, embora o BC dos EUA também tenha salientado a relevância do ambiente internacional. As preocupações com a Grécia continuam crescentes, em meio à cautela gerada desde a posse do novo governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras.