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PT blinda Vaccari e cobra investigação dos outros partidos na CPI

09/04/2015 17h02

Brasília - Após cinco horas de depoimento, com direito a tumulto e ratos, mas sem avanço nas investigações, a bancada do PT na CPI da Petrobras tem procurado blindar o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, em todos os momentos em que é duramente acusado pelo oposição. Numa estratégia casada com o próprio Vaccari, os petistas também cobram que os tesoureiros dos demais partidos prestem esclarecimentos à comissão sobre as doações das empreiteiras alvos da Operação Lava Jato.

No início do depoimento, Vaccari, desenvolto, levantou-se da cadeira de depoente e usou um projetor para apresentar em slides uma série de dados e reportagens que mostram que o PT recebeu, proporcionalmente, a mesma quantidade de recursos das empresas da Lava Jato. Durante a apresentação, ele chegou a citar até uma reportagem do Estadão em que mostra um "equivalência" entre as doações do PT, do PMDB - o principal aliado do governo Dilma Rousseff -, e do PSDB, o maior partido oposicionista.

A partir daí, em intervenções, deputados petistas começaram a defender a vinda de tesoureiros de outras agremiações partidárias, citando a doação de empresas investigadas na Lava Jato. "Em alguns casos o PSDB supera o PT", afirmou o líder do partido na Câmara, Sibá Machado (AC). O deputado Jorge Solla (PT-BA) citou que o presidente do PSDB e adversário de Dilma nas eleições, o senador Aécio Neves (MG), recebeu doações de uma das empreiteiras na mira da operação da Polícia Federal.

Sem ter conseguido avançar nas investigações, a oposição passou a criticá-lo pessoalmente. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) foi o mais contundente e disse que ele mentiu à CPI, chamando-o de "cínico" e "hipócrita".

Sem sucesso em apurar a ação de Vaccari na Lava Jato, o vice-presidente da CPI, o tucano Antonio Imbassahy (BA), perguntou sobre a participação dele na Itaipu Binacional - ele integrou o Conselho de Administração entre 2003 até janeiro de 2015. Ele disse que foi indicado para o cargo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas evitou a dizer se era um nome de confiança do ex-chefe do Executivo. Mesmo pressionado interna e externamente, ele destacou que deixou a função por uma decisão pessoal.

Mesmo munido de uma liminar concedida ontem à noite pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que o garantia direito de permanecer calado na CPI, Vaccari fez questão de dizer que respondeu a todas as perguntas. "Eu poderia me calar, não responder a nenhuma pergunta. Eu respondo a todas as perguntas", afirmou.