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Veto sobre fator previdenciário pode levar senador Paulo Paim a deixar o PT

Grupo de senadores (formado por Wellington Dias, Eduardo Suplicy, Paulo Paim, Humberto Costa, Jorge Vianna e José Pimentel) do PT falam com jornalistas em tenda montada pelos militantes do partido - Pedro Ladeira - 21.nov.2013/Folhapress
Grupo de senadores (formado por Wellington Dias, Eduardo Suplicy, Paulo Paim, Humberto Costa, Jorge Vianna e José Pimentel) do PT falam com jornalistas em tenda montada pelos militantes do partido Imagem: Pedro Ladeira - 21.nov.2013/Folhapress

De Brasília

15/06/2015 11h07

Senador filiado ao Partido dos Trabalhadores há 30 anos, o gaúcho Paulo Paim afirmou no domingo, 14, à noite, que um eventual veto da presidente Dilma Rousseff ao fim do fator previdenciário pode contribuir para que ele deixe a legenda. Paim considera um "equívoco" se o governo rejeitar a fórmula 85/95 e admite que a derrubada do fator - luta que "peleia" há 14 anos -, o arrocho fiscal e a política econômica de Dilma podem deixá-lo sem alternativa a não ser sair do PT.

"Tudo acaba se movendo. Ou mudam as coisas ou a gente", disse ele, em entrevista ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, ao alegar "constrangimento" na forma de fazer política. Ele preferiu não ir ao Congresso do PT, realizado nos últimos dias em Salvador (BA), por entender que a situação atual lhe causa "muito desconforto" e não querer polemizar sobre esses temas no evento partidário.

A fórmula 85/95, que permite a aposentadoria integral quando a soma da idade e do tempo de contribuição atingir 85 (mulheres) ou 95 (homens), foi introduzida pelos deputados na Medida Provisória 664, recebendo posteriormente o apoio dos senadores.

O petista disse que, se o veto ocorrer, será a terceira vez que o fim do fator emperra. Primeiro, ele cita que o Senado aprovou a derrubada dessa fórmula em 2008, mas a iniciativa não prosperou na época na Câmara. Numa segunda oportunidade, o Congresso aprovou a proposta, mas o então governo Lula vetou-a, sob a alegação, disse Paim, de que o movimento sindical não toparia a fórmula 85/95. Agora, destacou, o sindicalismo aceita "unanimemente" a fórmula.

"Não adianta dizer que foi o Fernando Henrique Cardoso que criou o fator previdenciário, porque o governo que eu apoio o manteve", criticou. "É um erro histórico e está na cara que o Congresso vai derrubar o veto", completou.

O senador gaúcho disse que o ideal é Dilma não vetar a proposta e abrir uma discussão exaustiva de até três anos para o melhor modelo previdenciário. Ele destacou que uma das ideias em discussão no Palácio do Planalto, a de não chancelar a fórmula 85/95 e ao mesmo tempo o governo editar uma nova MP com novas regras para a aposentadoria, tem o mesmo efeito prático do veto. "Mandar um MP já dizendo que vai ser outro cálculo é pedir para derrubarmos a MP dia e noite", avisou.

Dilma tem até quarta-feira , 17, para tomar a decisão sobre o veto. Na noite anterior, Paim disse que vai participar de uma vigília em frente ao Palácio do Planalto promovida por sindicalistas que defendem a manutenção da fórmula 85/95.

Há três semanas, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) facilitou a vida de senadores que desejarem mudar de partido. O STF entendeu eles não perdem o mandato se forem para outras legendas. Pouco depois, em entrevista ao Broadcast Político, Paulo Paim admitiu ter mantido contatos com o PSB, Rede e PV, que o assediam a mudar de partido. Mas, antes, havia dito que uma decisão final sobre a saída do PT iria ocorrer até o final do ano.